Uma igreja primitiva a serviço de Jesus Cristo,



no aperfeiçoamento dos santos, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus.





CONTATO

E-mail: ivecri@gmail.com
Correspondência: Caixa Postal 45 - CEP 11.750-000 - Peruíbe - SP - Brasil

Apresentação

Este Blog é dedicado à missão de trabalhar pela restauração da Igreja originalmente concebida por Jesus Cristo, através do despertar de uma verdadeira consciência cristã em todos aqueles que, independentemente de suas denominações, busquem o ideal da simplicidade que há em Cristo, libertando-se da religiosidade e das doutrinas originadas de idéias e tradições humanas, que acabaram gerando uma falsa ortodoxia.

Nossa missão essencial é a recuperação do modelo original da igreja primitiva, ainda anterior à Assembléia de Jerusalém, e também o anúncio do Evangelho do Reino.

Começamos a transmissão dessa mensagem através dos nossos "Boletins Verdade de Cristo", enviados por Email a grupos de leitores em todo o mundo, e agora Deus nos orientou a criarmos este Blog, com a mesma finalidade e missão, onde os internautas poderão encontrar também os boletins já emitidos até hoje.





QUEM SOMOS NÓS

Somos uma congregação cristã que se enquadra no modelo de igreja orgânica, sendo identificada como IGREJA VERDADE DE CRISTO, apenas como uma forma de identificar claramente a nossa congregação, e que - desde sua fundação - se identifica como uma igreja de discípulos.

CONCEITUANDO A IGREJA

Mas o que é a igreja? Que pessoas a constituem e com qual propósito? E oque Paulo apóstolo quer dizer quando chama a igreja de "corpo de Cristo"? Para podermos responder plenamente a todas essas perguntas, precisamos – de início – compreender três coisas fundamentais:

  • Em primeiro lugar, é importante esclarecer-se que a palavra “igreja” vem da palavra grega ekklesia. Ao ser usada como uma expressão quotidiana do mundo, ekklesiaera usada para designar uma assembléia ou reunião qualquer de pessoas com as mais diversas finalidades, porém, ao ser usada no grego koiné dos textos do Novo Testamento (NT) essa palavra ganha um sentido mais específico, que é a assembléia ou reunião dos crentes em Jesus Cristo, que o aceitaram como Único Senhor e Salvador e que seguem a Sua Doutrina e que praticam os Seus mandamentos e ordenanças para a Igreja, tal qual especificados nos Evangelhos;
  • Em segundo lugar – e certamente isso é algo mais complexo e misterioso - precisamos compreender que a verdadeira Igreja de Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, um ser espiritual - inteiramente novo e tremendo - pessoalmente criado por Deus a partir de Jesus Cristo e também é a assembléia de crentes acima já qualificada. Ou seja:
    • Como um ser espiritual a Igreja é a Noiva do Cordeiro, a Nova Eva criada por Deus a partir do Novo Adão que é Jesus Cristo para que – assim como a primeira – seja sua auxiliadora. Essa “Nova Eva” espiritual é representada,no Livro do Apocalipse (Ap 12) pela visão da ”Mulher Gloriosa” apresentada ao apóstolo João e foi criada por Deus a partir da água e do sangue que saem do lado de Jesus no momento de sua crucificação (representando dois de seus 3 ministérios) assim como a “antiga Eva” foi criada por Deus a partir de um osso retirado do lado do primeiro Adão. Assim como o antigo Adão recebe vida a partir do “sopro de Deus”, também a Igreja recebe vida a partir do “sopro do Cristo ressurgido”como se lê no Evangelho de João, em Jo 20:22. Isso é um mistério, mas assim é, tal como explica e descreve Paulo na Carta aos Efésios (Ef 5:22-33);
    • Como uma assembléia, é a reunião – ou comunidade espiritual - de todos os crentes cristãos e verdadeiramente salvos, de todos os tempos, a saber: passado, presente e futuro. Esta é uma das melhores formas de se conceituar a Igreja como “universal assembléia” tal como aceita pela maioria dos teólogos, e que pode ser observada por exemplo em Grudem, Wayne – “Teologia Sistemática” (44, A, 1). Essa “Universal Assembléia Espiritual” é representada fisicamente na terra por “instâncias”, também conhecidas como “igrejas locais”, que são as diversas denominações hoje existentes, fundadas por homens, com a finalidade de cumprir a missão da Igreja, através dos ministérios a ela delegados por Cristo. Com respeito a esses ministérios é feita uma exposição detalhada mais à frente.
  • Finalmente, em terceiro lugar, é preciso entender profundamente o contexto social e histórico da época em que a igreja primitiva local surgiu, e como o cruzamento das culturas hebraica e helênica se associou a idéias, objetivos pessoais e conceitos dos primeiros bispos da igreja e de governantes ambiciosos, para ir – pouco a pouco – adulterando o modelo originalmente concebido por Jesus Cristo e – como resultado dessas alterações – dando lugar a uma outra instituição, hoje erroneamente conhecida como “igreja”, mas que – na realidade – é um conjunto de doutrinas (ortodoxia) adotado por distintas instituições dos vários ramos da “igreja local” hoje existentes. Dois eventos merecem destaque nessa série de mudanças, porque foram os responsáveis pelas maiores alterações:
    • Por responsabilidade do Bispo Tiago, da Igreja de Jerusalém, o Concílio de Jerusalém, retratado no Livro de Atos dos Apóstolos (At 15), lembrando que não temos hoje uma ideia precisa de tudo quanto foi abolido da doutrina original além das questões sobre a circuncisão e outras associadas ao rito judaico, visto que o texto do Livro de Atos é muito genérico e perigosamente abrangente:

“Na verdade, pareceu bem ao espírito santo e a nósnão vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias:Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá”.(At 15: 28-29)

Tudo mais que foi transmitido por Paulo, Silas, Barnabé e Judas aos Bispos da Igreja de Antioquia é desconhecido, porém logo depois desapareceria a Igreja de Jerusalém e ali, em Antioquia, viria a florescer o cristianismo religioso que hoje conhecemos, com liturgia de culto, hierarquias sacerdotais, edifícios especialmente dedicados à função de templos cristãos, púlpitos, altares e vestimentas sacerdotais, além de tudo aquilo que hoje conhecemos como ortodoxia. Lembramos que foi de Antioquia que partiram missões destinadas às principais comunidades cristãs da Antiguidade, buscando impor a essas comunidades o modelo de igreja ali praticado e abolindo o modelo original anterior: um prejuízo incalculável que viria a ser aumentado ainda mais no século IV;

    • Por responsabilidade do imperador romano Constantino, o Concílio de Nicéia, realizado em 325 d.C., onde, por conta de se discutir a questão ariana e algumas outras questões menores como a data da Páscoa e outras, muitas outras alterações foram introduzidas nas reuniões preliminares (não documentadas) celebradas entre os teólogos de Constantino e os bispos representantes das igrejas. Por ação de Constantino foi definido o modelo seguido pela Igreja de Roma e pela Igreja de Constantinopla, corrompendo ainda mais o que já havia sido deturpado pelo modelo de Antioquia. A religião cristã tinha um papel fundamental para a manutenção da unidade do império. A unificação de crenças, costumes e ritos - cristãos e pagãos - garantia certa coesão entre as diferentes partes do império, e a hierarquia sacerdotal legitimava o poder do imperador. Por sua vez, a figura do imperador era fundamental para a unidade da própria Igreja. O combate às heresias, que eram as idéias contrárias à doutrina oficial da Igreja (Ortodoxia) e a eventuais ritos diferentes daqueles adotados e aprovados pela hierarquia eclesiástica reforçava a união Estado-Igreja. O Estado precisava da unidade doutrinária do credo cristão, e a Igreja necessitava da interferência do imperador na resolução dos problemas doutrinais, resultando numa simbiose extremamente poderosa.

Esse status vigente deveria – e poderia - ter sido integralmente quebrado pela Reforma Protestante, mas infelizmente isso não aconteceu e boa parte desse modelo da ortodoxia foi adotado também por Lutero e Calvino e assim perdura até os dias de hoje como um establishmentreligioso eclesiástico, que transcende até mesmo o abismo doutrinário que separa o mundo católico do mundo reformado, compondo um conjunto doutrinário comum, fora do qual tudo é indistintamente rotulado como “heresia”, como “heterodoxia” e até mesmo como “vento de doutrina”.

Alguns defensores mais exaltados da ortodoxia vigente ousam declarar que tais mudanças foram benéficas e precisariam acontecer porque a Igreja precisava se modernizar e acompanhar a modernização da sociedade, ao que nós respondemos que a Igreja foi criada por Cristo, e que Cristo é o mesmo ontem, hoje e para todo o sempre!

IGREJA DOS DISCÍPULOS E IGREJA DA MULTIDÃO

Ao lermos com atenção os evangelhos, é fácil perceber que o Senhor Jesus Cristo criou – na verdade - dois modelos de assembléia (ekklesia) local, ambos parte da mesma universal igreja espiritual, a saber: uma assembléia para congregar a multidão e uma assembléia destinada a congregar os discípulos de Cristo. Essa distinção fica muito bem clara nos evangelhos, quando lemos que o Senhor era sempre acompanhado de dois grupos: a multidão que era de mais ou menos 5000 pessoas, e os discípulos, que eram cerca de 120.

A multidão seguia Cristo em busca do perdão dos pecados e justificação diante de Deus, da cura das enfermidades, da expulsão de demônios e da satisfação das suas necessidades mais imediatas, onde a mais freqüente era a fome: isso é Evangelho da Graça (Atos 20:24).

Já os discípulos buscavam estar com Cristo por amor a Ele (Jo 21:15-17), para estar junto dEle, para servi-Loe buscarem a verdadeira libertação, que só vem através do conhecimento da verdade (Jo 8:31-32): isso é parte do Evangelho do Reino: o verdadeiro evangelho que Cristo ensinava (Mt 4:23, 9:35, 24:14) e do qual conhecemos uma pequena parte na forma de parábolas e de todos os discursos do Senhor Jesus Cristo nos quais Ele começava dizendo: "O Reino dos Céus é semelhante a" e também no assim chamado Sermão da Montanha e que ocupa os capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Mateus e de partes do Evangelho de João, notadamente João 3 e João 4.

Uma diferença notável entre ambas as congregações é o seu testemunho sobre Jesus de Nazaré. Essa diferença aparece, de forma gritante, no diálogo entre o Senhor e seus discípulos, retratado em Mateus 16: 13-18, e persiste ainda até hoje quando observamos as atitudes e os testemunhos da maioria dos freqüentadores das grandes igrejas da multidão, que congregam até mais de 5.000 pessoas numa única reunião. É freqüente observar-se as pessoas buscarem essa ou aquela denominação porque o bispo, apóstolo ou pastor é “milagreiro” e “ora forte”, pessoas que não buscam firmar sua base espiritual na rocha firme da Palavra do Senhor e que acabam aceitando muitas vezes verdadeiras heresias, simplesmente porque o líder da denominação assim o disse, sem base bíblica, sem comprovação pelo exame das Escrituras.

Não somos uma igreja local cujo perfil seja reunir grandes multidões, porém buscamos congregar discípulos e discípulas de Cristo, crentes fortalecidos na fé, que efetivamente busquem o alimento sólido do Evangelho do Reino e que não mais se contentem apenas com o leite da doutrina elementar (Evangelho da Graça) pregada à multidão, tal como é mencionado na Carta aos Hebreus (Hb 5:12-13). O verdadeiro discípulo é aquele que já crê de todo o coração em Jesus Cristo, já sabe que Jesus o ama, já busca crescer em santidade e busca sempre confessar os seus pecados – com o coração arrependido – a cada vez que peca.Mas o discípulo sabe que isso não basta, pois o verdadeiro discípulo é aquele que crê e pratica todas essas coisas, mas que agora ainda quer saber como encher-se do Espírito Santo – conforme Ef 5:18-21 – até atingir a plenitude (pleroma), quer saber como estar em Cristo e efetivamente tornar-se um com o Senhor, quer saber enfim como atingir a unidade da fé, o conhecimento do Filho de Deus e a estatura de varão e varoa perfeitos em Cristo (Ef 4:13). O discípulo é aquele que já sabe que sua SALVAÇÃO PRECISA SER DESENVOLVIDA com temor e tremor ( Fi 2:12) e que não é simplesmente através de uma oração que tenha feito no momento em que se tornou cristão, ou ainda através da simples freqüência aos cultos dominicais e da observação de usos e costumes que irá conseguir esse desenvolvimento espiritual.

É conclusão nossa – após longo período de pesquisa da História da Igreja e dos textos do Novo Testamento, que a verdadeira e pura igreja dos discípulos deixou de existir – de uma forma autônoma - logo nos primeiros séculos da história eclesiástica; e isso por uma ação de bispos da igreja da multidão, que se valeu de sua expressiva maioria numérica, para exercer poder e legislar sobre as demais igrejas, o que já vemos acontecer no Concílio de Jerusalém retratado no Livro de Atos dos Apóstolos (At 15), onde – por decisão do bispo de Jerusalém (Tiago, irmão do Senhor e não apóstolo) a Doutrina de Cristo cedeu lugar à Doutrina dos Apóstolos e piorando ainda mais depois, por obra do imperador Constantino, em 325 DC após as decisões do Concílio de Nicéia, instituindo um conjunto de doutrinas e costumes básicos, que passou a ser conhecido como ORTODOXIA e que – infelizmente - tem sido o padrão doutrinário seguido até os dias de hoje por todas as denominações, sejam elas católica, ortodoxa, protestante luterana, batista, evangélica e neo evangélicas. Todas elas, sem exceção e apesar de certas diferenças entre umas e outras, seguem exatamente o mesmo padrão geral deixado por Constantino, padrão esse que ele chamava de “Igreja do Salvador” e que se tornou, por assim dizer, o modelo de ortodoxia a ser seguido, sendo que qualquer tentativa de repudiá-lo e voltar ao modelo original sempre foi classificada como “heresia”. Na realidade essas características acabaram infelizmente sobrevivendo nas igrejas reformadas porque a Reforma de Lutero foi muito fraca, tão fraca que - alguns anos depois - muitos dos expoentes da Reforma já clamavam por uma “reforma da reforma” e originaram movimentos paralelos tais como o Quietismo, o Pietismo e outras correntes eclesiásticas, como o Metodismo de John Wesley, fortemente influenciado pela Igreja dos Irmãos Morávios, por exemplo.

Muitos que – desde o início – não aceitaram esse suposto “modelo ortodoxo” e suas novas doutrinas, buscaram manter preservada a igreja original de Cristo através do refúgio no deserto, ou ainda do isolamento (como os anabatistas por exemplo), mas foram todos alcançados pelo "rolo compressor" da falsa ortodoxia, até hoje vigente, e foram extintos.

Na realidade, tudo o que sobrou nos dias de hoje, como um mero “vestígio” remanescente da igreja dos discípulos, é a assim chamada divisão interna na organização eclesiástica em um nível sacerdotal (padres, pastores, bispos, diáconos, obreiros, presbíteros, anciãos, etc.) e um nível laico (leigos, ovelhas, etc.); divisão essa que podemos observar hoje em qualquer denominação cristã como uma mera “sombra” do passado.

UMA IGREJA ORGÂNICA

Posteriormente, concluímos ainda que, além de buscarmos resgatar a igreja dos discípulos, haveria ainda a necessidade de se resgatar todo o modelo original da igreja autentica idealizada por Jesus Cristo, a saber:

ü Uma igreja que não acumula riquezas, pois tudo quanto recebe em dízimos e ofertas deve ser direcionado aos pobres e vítimas da exclusão social, sob a forma de distribuição de alimentos e cestas básicas, roupas e demais ações claramente identificadas pelo Senhor Jesus Cristo no Evangelho de Mateus (Mt 25:31-46);

ü Uma igreja itinerante, sem templos, porque o verdadeiro templo espiritual hoje está dentro da cada um de nós e porque Jesus Cristo não mandou os discípulos alugarem ou comprarem prédios e colocarem placas nas portas, mas mandou que as reuniões fossem feitas de forma simples, nas próprias casas das famílias, nas praças e nos bosques (Jo 4: 21-24; Lc 9: 57-62, 10: 1-11);

ü Uma igreja onde pastor não usa púlpito e nem veste obrigatoriamente terno e gravata, pois Nosso Senhor Jesus Cristo não usava as roupas finas dos sacerdotes fariseus e nem mandou que seus discípulos usassem qualquer tipo de traje especial para pregarem o Evangelho do Reino. Aliás, pelo contrário: O Filho de Deus, a Luz Eterna que veio ao mundo para nos salvar, usava uma túnica simples de linho e muitas vezes caminhava descalço pelas estradas poeirentas de Israel. A pesquisa da evolução dos costumes eclesiásticos mostrou que o terno e a gravata são uma ostentação oriunda da evolução da batina dos padres e depois das túnicas negras dos reverendos luteranos, calvinistas e metodistas: tudo religiosidade pura e sem sentido algum para Deus (Lc 9:13).

Por esses motivos, hoje nos identificamos também como umaigreja orgânica, uma igreja local que não dispõe de um local específico que seja usado como templo e que faz as suas reuniões nas casas das famílias, na praia, nos jardins, nas praças e nas associações.

A esse propósito lembramos que o modelo de igreja orgânica não pode ser confundida com os chamados Grupos Familiares hoje existentes em quase todas as formas de igrejas locais e nem tampouco com as Células das igrejas locais com Visão Celular, visto que todas essas ainda mantêm pelo menos um Templo físico e adotam praticamente toda a tradição do modelo da ortodoxia, incluindo pastores que obrigatoriamente precisam usar gravata, púlpito, etc.

IGREJA DE AMOR ÁGAPE

Somos uma Igreja que, através da proclamação do Evangelho, procura dar testemunho do nome de Jesus Cristo ao mundo – conforme o comissionamento registrado no Evangelho de Marcos (Capítulo 8, Versículo 29) e, por intermédio desse anúncio, exercer o amor, em primeiro lugar através do serviço a Deus, nas 3 pessoas da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo -, depois aos crentes – através de ministérios que os conduzam à santificação e à transformação em novas criaturas – e finalmente ao mundo, por intermédio do exercício do amor ao próximo, do chamado e do ministério da reconciliação com Deus, exercidos em Casas de Apoio de nossa fundação, em visitas a hospitais e presídios, em viagens missionárias a localidades remotas e carentes, em mensagens veiculadas através da Internet em e-mails e através de nosso site, de publicações e ainda através de programação televisiva ou de rádio, bem como através de reuniões – como igreja orgânica – celebradas em casas de famílias, em associações, em praias, parques e bosques, ou ainda qualquer outro local onde seja possível nos reunirmos em nome de Jesus Cristo.

Como igreja local, somos um grupo de crentes em Jesus Cristo que concordam em buscar e exercer juntos os ideais da verdadeira igreja original fundada por Cristo: sem acumular riquezas porque distribui e aplica em obras assistências todo o que recebe em dízimos e ofertas, simples e totalmente isenta de vínculos com os modelos eclesiásticos que foram sendo posteriormente instituídos pelos homens. Uma igreja local comprometida apenas com a missão de levar a pregação do evangelho pleno e integral ao mundo – incluindo o Evangelho da Graça e o Evangelho do Reino – e com o exercício do amor ágape ao próximo, conforme as regras do Evangelho (Mateus 25:31-46).

Como igreja espiritual, somos parte da Noiva do Cordeiro como uma instância local desta – conforme Carta aos Efésios, Capítulo 5, Versículos 24 e 25 e Livro do Apocalipse, Capítulo 21, Versículo 9, composta de todos os cristãos verdadeiros, de todos os lugares e de todos os tempos – passado, presente e futuro – que será arrebatada no final dos tempos, conforme registrado no Evangelho de Mateus (Capítulo 24, Versículo 31) e, por sermos parte do Corpo – que é a Comunhão dos santos -, somos parte da universal assembléia, conforme Carta aos Hebreus, Capítulo 12, Versículo 22.

NOSSA MISSÃO

  1. Como Igreja

Como Igreja que somos, temos missão com Deus, com os crentes e com o mundo.

Nossa missão com Deus é tripla, pois destina-se às 3 pessoas que compõem a Santíssima Trindade: Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo:

  • Missão com Deus Pai: é cumprida através do correto exercício dos ministérios delegados por Jesus Cristo à sua Igreja, conduzindo os crentes à sua justificação diante do Pai – exclusivamente pela fé em Jesus Cristo – e conseqüentemente à reconciliação com Deus (Rm 5:11; 2 Co 5:18-19) e, uma vez reconciliados, conduzindo-os a adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:23-24);
  • Missão com Jesus Cristo: porém somente pode adorar em verdade aquele que conhece a verdade e só conhece a verdade aquele que se torna discípulo de Cristo (Jo 8:31-32), sendo assim essa é a primeira missão da Igreja Verdade de Cristo com relação ao Filho: fazer discípulos, conforme Seu expresso mandamento à Igreja (Mt 28:19). Além disso, a Igreja é a Noiva de Cristo e, como tal, deve amá-Lo com o verdadeiro amor ágape, tal como Ele assim mesmo nos ama (Jo 21:15; Ef 5:24-25). O verdadeiro amor ágape, porém, só pode ser desenvolvido naquele discípulo que busca os dons espirituais mais excelentes (1 Co 13), o que conduz ao ministério do espírito;
  • Missão com o Espírito Santo: ninguém poderá adorar a Deus em espírito, ou amar a Jesus Cristo com o verdadeiro amor ágape, sem a plenitude do Espírito Santo, sendo assim é missão da Igreja Verdade de Cristo com relação ao Espírito Santo levar os discípulos a buscarem a plenitude (pleroma) do Espírito Santo, conforme a regra exposta pelo apóstolo Paulo na Carta aos Efésios (Ef 5:18-21), através de práticas específicas com essa finalidade;

Nossa missão com os crentes é a de conduzi-los durante as 3 fases de seu ciclo de amadurecimento espiritual:

  1. reconciliação através do sangue de Cristo (2 Co 5:18),
  2. santificação através da Palavra de Cristo(Jo 15:3) e
  3. transformação por intermédio da plenitude do Espírito Santo (2 Co 3:18).

Para tanto, da mesma forma que na igreja primitiva original, mantemos 3 distintos ministérios, cada qual especificamente destinado a tratar com uma das 3 fases acima descritas, a saber: Ministério do Sangue, Ministério da Água e Ministério do Espírito, conforme ensina o apóstolo João em 1 Jo 5:6.

Finalmente, a missão da Igreja Verdade de Cristo, com relação ao mundo, é a de efetuar o chamado; é fazer o anúncio da Boa Nova, de todas as formas ao nosso alcance, usando – na medida do possível – os veículos de comunicação visual, escrita e falada, para que todos aqueles que ainda não tiveram uma experiência viva e pessoal com Jesus Cristo possam ter essa oportunidade e assim poderem optar pela vida eterna, no convívio dos eleitos e na presença de Deus, para todo o sempre.

GERANDO OVELHAS

Além disso, buscamos ainda cumprir, com relação a todos quantos necessitarem e estiverem ao nosso alcance e dentro de nossas capacidades, as ordenanças de Cristo para o exercício do amor (agapô) ao próximo, tal como Ele mesmo ditou no Evangelho de Mateus (Mt 25: 31-46). Entre as principais formas de se exercer esse amor, figura o nosso projeto MISSÃO ÁGAPE, que atua na área missionária, evangelizando através do ciberespaço e na cooperação com outras obras missionárias, obras de assistência social e de recuperação de dependentes químicos.

  1. Como instância local da Igreja espiritual de Jesus Cristo (Noiva do Cordeiro)

Como uma instância local da própria Igreja espiritual universal, temos uma missão com relação à própria Igreja, a qual consiste em divulgar – no meio eclesiástico – o modelo hoje por nós praticado, com o objetivo de despertar, no povo de Deus, a motivação para reverem os seus conceitos e buscarem a simplicidade de Cristo e o retorno ao modelo original da Igreja.

Estamos de braços abertos para acolher como congregados todos os que se sentirem motivados, pelo Espírito Santo, a estarem conosco como comunidade de discípulos, porém não é nossa intenção fazer com que as pessoas mudem de congregação ou de denominação, mas sim despertar no povo de Deus uma real e verdadeira consciência cristã e de busca pela maturidade espiritual. Aos líderes denominacionais e ministros do evangelho, buscamos conduzi-los a um despertar que os motive a reverem seus próprios modelos hoje praticados, buscando torná-los mais adequados ao exercício do ministério tal como orientado por Paulo, na Carta aos Efésios:

Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente.

Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.

(Ef 4: 10-15)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

DESABAFO...

ISSO ATÉ SERIA DIVERTIDO, SE NÃO FOSSE A PURA VERDADE...
INFELIZMENTE ESSA SITUAÇÃO É CADA VEZ MAIS FREQUENTE NA IGREJA...
A PALAVRA DE DEUS SENDO DISTORCIDA, PARA DAR APOIO ÀQUELES QUE AINDA ACHAM QUE PODEM TER QUALQUER TIPO DE COMPROMISSO COM JESUS CRISTO, SEM TER COMPROMISSO ALGUM COM O PRÓXIMO...


BOLETIM 12


Perdoai as nossas dívidas

Certas providências relativas à nossa permanência no Reino de Deus precisam ser tomadas enquanto ainda estamos aqui. Se essas pendências não forem resolvidas durante a nossa existência aqui na terra, não haverá como resolvê-las no Salão do Reino e dali certamente seremos expulsos, pois também dizem respeito às nossas vestes de justiça.
Aqui estamos falando do perdão.
Em Mateus 18:23-35, Nosso Senhor Jesus Cristo compara o Reino dos Céus a um rei que quis ajustar as contas com os seus servos e então se depara com um servo que lhe devia uma grande quantia em dinheiro. Como o servo não tivesse meios para saldar sua dívida, o rei então mandou que fossem vendidos o servo, sua família e todos os seus bens. O servo então apelou para a misericórdia do rei e este, movido de compaixão, perdoou-lhe a dívida. Entretanto, assim que saiu livre, esse mau servo encontra um companheiro que lhe devia algum dinheiro e violentamente o cobrava. Como este não tivesse como pagá-lo naquele momento, mandou que o prendessem até saldar sua dívida. Ao saber disso, o rei chama-o de volta e lhe pergunta por que não perdoou a dívida do companheiro, depois de receber o perdão por suas próprias dívidas. Ato contínuo esse rei agora lança esse mau servo na mão dos carrascos até que toda a sua dívida fosse saldada.
Um dos pedidos da Oração do Senhor é: perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Logo depois de ensinar a oração aos discípulos, Nosso Senhor Jesus Cristo acrescenta e reforça:  Pois se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós. Porém se não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial não perdoará as vossas. (Mateus 6:14-15)
É disto que nos fala essa parábola, ela contém uma regra fundamental do Evangelho do Reino (e também do Evangelho da Graça): pois de nada adianta pedirmos perdão pelos nossos pecados se não liberamos perdão para aquelas pessoas que, de uma forma ou de outra nos prejudicaram, nos magoaram e nos causaram sofrimentos, por maiores e mais pesados que tenham sido.
Caso entrar no Reino de Deus e ali permanecer para todo o sempre, seja algo que realmente faça parte do teu plano de vida espiritual, então comece hoje mesmo a fazer com que o perdão seja algo plenamente incorporado ao teu estilo de vida!
Que Deus te abençoe e guie teus passos pelas veredas da justiça e do perdão!


BOLETIM 11


Sobre tesouros, pérolas e peixes


Em Mateus 13:44-50  Jesus continua a falar do Evangelho do Reino e agora aborda duas formas de encontrá-lo: casualmente ou após uma obstinada busca e depois acrescenta que, seja qual for o caso, o critério de entrada no Reino será o mesmo: muitos serão os chamados e poucos os escolhidos, vejamos:
·        A parábola do tesouro escondido se refere àqueles que, sem procurá-lo, encontram o reino por acaso, por exemplo através de uma pregação,  e – agora percebendo seu inestimável valor - voluntariamente sacrificam tudo para obtê-lo. Ao falar sobre esse tema, sempre me recordo de uma reunião de estudo bíblico da qual participei certa vez: ali havia um senhor que dizia que, depois de ter descoberto as maravilhas do Reino de Deus, faria de tudo para entrar, nem que para isso precisasse entrar sem um braço ou sem as pernas, qualquer coisa seria melhor do que ficar do lado de fora ardendo no lago de fogo e enxofre para sempre!
·        A parábola da pérola de alto preço diz respeito ao crente que, durante toda a sua vida diligentemente buscou a verdade, agora encontra-a e sacrifica tudo para obtê-la.
O conceito de sacrificar tudo para obter uma cidadania muito vantajosa é bastante conhecido daqueles que têm amigos ou conhecidos que são imigrantes recentes num determinado país. Existem pessoas que vendem suas casas e todos os seus bens partindo em viagens perigosas e incertas a fim de entrar em determinados países e ali iniciarem uma nova vida.
A cidadania no Reino dos Céus nos dá uma nova vida, com paz e segurança eternas.  No Reino de Deus  sabemos de onde viemos e conhecemos para onde iremos! Nós que buscamos cumprir os requerimentos do Evangelho do Reino podemos, portanto, enfrentar as batalhas da vida com a segurança que nos dá a paz que ultrapassa todo entendimento. Essa paz e segurança valem o sacrifício de tudo que possuímos na terra. Que Deus nos ajude a compreendermos a grandeza dos benefícios que Ele nos tem dado no reino de seu Filho, e confiarmos neles, para que queiramos “vender tudo o que temos” a fim de mantermos nossa cidadania nesse reino!
Ali nos aguarda a rede de pesca e a seleção onde apenas os bons peixes ficam e os ruins serão lançados fora, da mesma forma que os convidados sem as vestes de justiça serão lançados fora para toda a eternidade.
Que esta leitura possa te abençoar em tua procura pelo Reino!
Um forte abraço e até a próxima!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O NOME DO SENHOR

INTRODUÇÃO

Século após século, muita polêmica tem sido criada em torno do Nome de Deus e até mesmo seitas religiosas e a própria mística judaica, representada pela Kabbalah, foram criadas com a específica finalidade de descobrir o verdadeiro Nome de Deus e invocá-lo.
Essa é uma prática tão antiga que já é explicitamente mencionada no Livro do Gênesis onde, em Gênesis 4:26, lemos que, nos tempos em nasceu Enos, neto de Adão, se começou a invocar o Nome do Senhor.
Os judeus preferem referir-se a Deus como Adonai (Senhor) ou ainda na forma abreviada D´us encontrada nos textos da Tora judaica e em seus comentários e estudos. Já os cristãos dividiram-se em duas correntes: a católica, que se refere a Deus como Javé, e a reformada, que usa Jeová.
Recentemente essa controvérsia retornou, agora com respeito ao nome de Jesus, isto por conta de vários grupos e seitas diversas que alegam ser extremamente importante pronunciar-se o Nome do Senhor na sua forma correta, que não seria Jesus, mas sim Yeshua conforme alguns, Yahushua segundo outros, ou ainda Yahshua tal como reclamam outras vertentes, onde as justificativas são as mais exóticas possíveis, desde erros grosseiros dos tradutores bíblicos até mirabolantes conspirações de origem satânica.
Afinal de contas, qual a importância de tudo isso e quem está certo?

INVOCAÇÃO DO NOME: A ORIGEM

Conforme comentei na Introdução, a prática da assim chamada “Invocação do Nome” começou ainda em tempos adâmicos, por conta de Set e seus descendentes, a começar de Enos, conforme Gênesis 4:26.
A motivação para essa prática é a salvação, tal como declarado pelo profeta Joel:
E há de ser que todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo porque no monte de Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o Senhor tem dito, entre os restantes, que o Senhor chamar”. (Joel 2:32)
Segundo algumas vertentes da tradição judaica, essa prática perdeu-se com o passar do tempo e foi drasticamente interrompida pelo dilúvio, sendo que alguns crêem que Melquisedeque a teria ensinado novamente a Abraão,  durante o episódio da ceia retratada em Gênesis 14:18-20.
De qualquer forma, certamente nos tempos de Moisés o Nome já estava novamente esquecido, pois o Livro do Êxodo nos mostra agora Moisés perguntando pessoalmente ao Deus Vivo qual o Seu Nome, isto porque Moisés já estava mergulhado no paganismo egípcio, embalado pela coreografia de múltiplos falsos deuses, cada qual com seu próprio nome.
Mas a resposta de Deus, tal como lemos em Êxodo 3:14, é muito clara, tão clara que até hoje ainda não consigo entender como tantos eruditos católicos e protestantes insistiram em ver nisso uma revelação do Nome: na verdade Deus simplesmente diz a Moisés que “ELE É O QUE É” ou “ELE É”. No velho hebraico ancestral não existem vogais, apenas consoantes e as sílabas eram pronunciadas conforme vogais específicas de acordo com o contexto da palavra e, por conta disso, essa declaração de Deus a Moisés surgiria algo assim como YHVH, uma vez vertidas as consoantes hebraicas para as correspondentes ocidentais mais próximas.
Quiseram então os eruditos católicos ver as vogais introduzidas na forma YAVEH, dando origem ao nome Javé como o Nome de Deus, já os eruditos protestantes, e por sua vez toda a linhagem evangélica de hoje, enxergaram as vogais introduzidas como YEOVAH, dando origem à conhecida forma Jeová.
Qual deles está correto? Qual das duas formas corresponde ao Nome de Deus?
A resposta é simples: NENHUM DELES!
Na verdade Deus está simplesmente dizendo a Moisés que ELE É O QUE É!
Deus está com isso revelando que o Nome é santo e não pode ser pronunciado por uma língua não santificada!
Isto surge de maneira magnífica no belíssimo episódio ocorrido com o profeta Isaías e por ele mesmo narrado em Isaías 6:1-8, onde o profeta fala da “língua impura”, uma língua que apenas se purifica novamente mediante a santificação, representada pelo toque da brasa que vem do Altar do Senhor.
Mas, por que isto?
Por que nossa língua se tornou impura diante do Senhor?
Porque Adão e seus descendentes próximos podiam pronunciar o Nome de Deus e Moisés já não podia mais?
A resposta para isso é simples: entre os primeiros descendentes de Adão e Moisés, existe um verdadeiro “abismo lingüístico” como eu costumo chamar, um abismo que nos isolou completamente da língua falada por Adão e seus filhos. Esse abismo foi causado por aquilo que eu comecei a chamar de “Síndrome de Babel” e que corresponde ao episódio da Torre de Babel e a criação dos idiomas do mundo, tal como se lê em Gênesis 11.
Adão e seus descendentes falavam a mesma língua dos anjos, o celestial idioma do Reino dos Céus, e assim podiam invocar o Nome. Adão conhecia Deus, sabia o Nome de Deus e podia falar a língua de Deus!
Mas, depois que Deus confunde a linguagem dos homens e os espalha sobre a terra, a nossa língua se tornou impura e inadequada para exprimir o Nome de Deus.
Por isso mesmo, ao discursar aos atenienses no Areópago, conforme Atos 17:15-34, o apóstolo Paulo identifica Deus com o Deus Desconhecido, ou seja, cujo Nome é desconhecido.
Neste ponto muitos dos leitores poderão argumentar com a objeção de que hoje Deus nos é revelado em Jesus Cristo e sobre isso estarei tratando a seguir.

JESUS CRISTO É O SENHOR

A velha polêmica sobre o Nome de Deus tem voltado agora no que diz respeito ao Nome de Jesus Cristo.
Neste ponto quero tratar de dois distintos enfoques da nossa referência ao Senhor.
O primeiro enfoque diz respeito à forma com a qual nós fazemos referência a Jesus Cristo em nossos textos, em nossos hinos de louvor e adoração e até mesmo em nossas orações.
O segundo enfoque é o da invocação do Nome, com a finalidade de nossa salvação, conforme lemos em Joel 2:32.
Aqui o leitor poderá também argumentar que nos dias de hoje, quando vivemos a Dispensação da Graça, tal recurso torna-se desnecessário, pois somos justificados pela fé, o que nos isentaria da invocação do Nome.
Afinal, o Nome é importante hoje?
A melhor resposta é: sim o Nome é importante!
Porém temos de avaliar o contexto em que pronunciamos o Nome do Senhor, pois existe a necessidade de traduzi-lo sempre que isso seja requerido, seja pela situação em que se aplica, seja pela finalidade da referência ao Nome.
Encontrei uma boa referência sobre o site http://askdrbrown.org/ , cujo responsável é muito experiente em teologia e linguagens bíblicas, e onde pode ser encontrado um excelente estudo sobre essa questão do Nome de Jesus Cristo.
Em resumo esse estudo diz o seguinte:
"O nome hebraico-aramaico original de Jesus é yeshu'a, que é uma forma abreviada de yehosu'a (Josué), assim como Mike é a forma reduzida de Michael. O nome yeshu'a ocorre 27 vezes nas Escrituras Hebraicas (Antigo Testamento), principalmente em referência ao sumo sacerdote após o exílio na Babilônia, o qual é chamado tanto de yehoshu'a (veja, por exemplo, Zacarias 3:3), como mais freqüentemente de yeshu'a (veja, por exemplo, Esdras 3:2). Portanto, o nome Yeshua's não era usual; na verdade, apenas uns 5 homens tinham este nome no Antigo Testamento. Foi assim que o nome se transformou em 'Jesus" em inglês: o yeshu'a hebraico-aramaico se tornou o grego Iesous, e depois o latino Iesus, passando para o alemão e finalmente para o inglês Jesus".

"Por que então alguns se referem a Jesus como Yahshua? Não existe absolutamente qualquer base para essa pronúncia - nenhuma mesmo - e digo isto como alguém que tem um Ph.D. em línguas semíticas. Minha opinião é que algumas pessoas zelosas, porém ignorantes em lingüística, acharam que o nome de Yahweh devia aparecer em alguma parte do nome de nosso Salvador, por isso escolheram YAHshua ao invés de Yeshua - mas volto a dizer que não existe qualquer base para esta teoria"

"Quanto à conexão que se costuma fazer do nome Jesus (do grego Iesous) com Zeus, esta é uma das alegações mais ridículas que já foram feitas, mas ela ganhou mais projeção nos últimos anos (a Internet é uma ferramenta maravilhosa para desinformar), e alguns crentes acham que não é apenas preferível usar o nome hebraico-aramaico Yeshua, mas que é realmente errado usar o nome Jesus".

"Na afirmação [de que o nome grego Iesous teria sido fabricado a partir do nome do deus pagão Zeus] há dois mitos: Primeiro, não existe o nome Yahshua (como já demonstrei) e, segundo, não existe qualquer conexão entre o nome grego Iesous (ou Jesus) e no nome Zeus. Nenhuma conexão! Tentar conectar o nome Jesus ao deus pagão Zeus seria como argumentar que Tiger Woods é o nome de uma floresta infestada de tigres na Índia ('tiger woods' em inglês significa literalmente 'floresta do tigre'). É um absurdo e baseia-se numa séria ignorância linguística".

O autor do texto continua argumentando que essas idéias têm tanto fundamento quanto afirmar que Elvis Presley está vivo!
Segundo Dr. Brown, o fato do nome Iesous – em grego - ter vindo da versão Septuaginta do Antigo Testamento já comprova de que não se trata de uma corrupção pagã no nome de Jesus, mas apenas a forma grega de traduzir o nome hebraico-aramaico Yeshua, até mesmo porque esse modo de traduzir Yeshua encontrado em hebraico no Antigo Testamento, para a forma Iesous no grego koiné, foi feito na Septuaginta, pelo menos dois séculos antes do nascimento do Cristo. Esta forma Iesous é também encontrada em mais de 5 mil manuscritos gregos do Novo Testamento e é encontrado também em textos gregos fora do Novo Testamento escritos no mesmo período.
Aqui eu acrescento ainda um outro exemplo bastante significativo: o nome Tiago, por exemplo, muito comum nos textos do Novo Testamento, transforma-se em James, ao ser traduzido para o inglês! Assim a Carta de Tiago transforma-se em “Letter of James” quando a mencionamos a uma pessoa que só entende o idioma inglês. É simples assim!

Assim não devemos nos preocupar em pronunciar o nome Jesus quando nos referimos ao Filho de Deus em nossas orações, hinos e textos, desde que não nos esqueçamos de deixar bem claro que não estamos nos referindo a um Jesus qualquer, pois esse era um nome bastante comum – naqueles tempos – em Israel e em toda a Judéia. Para que a nossa menção ao Nome seja completa devemos acrescentar Cristo, não como uma espécie de sobrenome, mas sim como um título único e exclusivo, outorgado por Deus ao seu Filho Unigênito.
Realmente devemos orar, louvar, testemunhar e adorar em nome de Jesus como diz o Dr. Brown, mas eu completo dizendo que todas essas coisas apontam não para um Jesus qualquer, mas sim para o único que detém um título, uma posição única diante do Pai Altíssimo, e essa posição é a de ser o Cristo de Deus. É a Jesus Cristo, o Messias, o Ungido de Deus, que devemos toda a honra, todo o louvor, toda a adoração, toda a ação de graças, porque é por Ele e para Ele que todas as coisas foram feitas.
A palavra Messias (em hebraico: משיח, transl. Māšîªħ, Mashíach, Mashíyach, "O Consagrado" ou "Enviado"; a forma asquenazi é Moshiach, e a aramaica é mesiha) refere-se à profecia da vinda de um ser humano (Filho do homem) descendente do Rei Davi, que levantaria Israel e traria a paz ao mundo.
Esse Filho do homem veio na pessoa do homem Jesus de Nazaré que é, ao mesmo tempo, o Jesus Cristo que é o Messias. A palavra "Cristo" (em grego Χριστός, Christós, "O Ungido" ou "O Consagrado") é uma tradução para o grego do termo hebraico mashiach, que é messias.
Em João 4:25, onde uma mulher samaritana comenta com Jesus que sabia que o Messias (que se chamava Cristo) estava vindo, e que quando viesse, nos anunciaria tudo, Jesus prontamente lhe responde: "Eu o sou, eu que falo contigo".

Resta-nos ainda um segundo, e inquietante, enfoque que diz respeito à invocação do Nome com a finalidade da salvação, conforme profeta Joel aqui já referenciado.
Aos que contra-argumentam dizendo que isso não se aplica mais ao contexto da Graça, lembro o discurso de Pedro logo após a infusão do Espírito Santo, no tremendo episódio de Pentecostes, e que está registrado em Atos 2:14:36, onde chamo a atenção, mais precisamente, para o trecho de Atos 2:17:24.
Aqui vemos Pedro repetir a todos que o ouviam pregar, cada qual simultaneamente em sua própria língua, as mesma palavras do profeta Joel, só que agora ele cita um trecho mais amplo e mais esclarecedor da profecia. Em Atos 2:18 vemos Pedro citar Joel 2:28, que é justamente a profecia sobre a efusão do Espírito Santo que viria sobre a Igreja, após Pentecostes, infusão essa que nos habilita a finalmente invocar o Nome do Senhor.
E por que precisamos da infusão do Espírito Santo para invocarmos o Nome? Não basta invocarmos o Nome de Jesus Cristo para essa finalidade?
As respostas para essa pergunta vão encontrar no último Livro da Bíblia: o Apocalipse e isso é muito lindo e extremamente simbólico, pois assim como Cristo é o Alfa e o Ômega, o começo e o fim, assim também a questão do Seu Nome se inicia no Gênesis e se encerra apenas no Apocalipse.
Ali, em Apocalipse 3:12, como parte dos méritos daquele que perseverar na Igreja verdadeira e na guarda da palavra de Sua perseverança, o Senhor Jesus Cristo deixa a promessa de que escreverá sobre ele o Seu Novo Nome. Mais à frente, em Apocalipse 19:12, João acrescenta que hoje ninguém conhece o novo Nome do Senhor Jesus Cristo: a não ser apenas Ele e aqueles a quem a Ele aprouver comunicá-lo.
E como colocamos isso em prática em nossa vida na Igreja?

Eu tenho uma extrema admiração e reverência para com a maravilhosa seqüencia dos capítulos 3, 4 e 5 do Evangelho de João, pois ali se resume tudo aquilo que temos procurado transmitir. Em João 3, Jesus diz a Nicodemos que se não buscarmos renascer da água e do Espírito jamais entraremos no Reino de Deus. Em João 4, o Senhor acrescenta, ao pregar para a samaritana, que essa busca acontece dentro de nós mesmos, em nosso templo interior e que não obteremos resultados nem em montes santos e nem em templos externos. Finalmente, em João 5, o Mestre que existe uma dupla condição para a redenção, algo muito mais amplo e abrangente que a simples doutrina da justificação pela fé, como já concluía o renomado teólogo Alemão Albert Scweitzer em sua impressionante obra “O Misticismo de Paulo, o Apóstolo”. Ali, em João 5:24, Jesus adverte que a nossa redenção depende não apenas da nossa fé, mas também do “ouvir da Palavra de Cristo”, a palavra viva e eficaz, que nos lava e nos purifica, conforme Paulo explica de forma surpreendente em Efésios 5:26, tal como água.
É essa lavagem pela água, através da Palavra de Cristo, que nos santifica e nos prepara para a infusão do Espírito Santo, que nos ensina todas as coisas, inclusive a nos expressarmos na língua-mãe, a mãe de todas as línguas, o idioma celestial onde finalmente iremos invocar o Nome do Senhor através dos gemidos inexprimíveis nos momentos em que oramos em línguas estranhas, conforme ensina Paulo em Romanos 8:26.
E como buscarmos por essa plenitude do Espírito Santo (Pleroma) que nos capacitará a invocar o Nome do Senhor?
Novamente é Paulo quem nos socorre com a regra do pleroma em Efésios 5:18-21:

E não vos embriagueis com vinho, em que há devassidão, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e pai, em nome de nosso Senhor Jesu Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.

Assim deve ser a Igreja verdadeira, conduzir cada crente à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, em três ministérios que se sucedem e se complementam, da mesma forma que o sacerdote, no velho tabernáculo terrestre, tinha de passar por três ambientes distintos, antes de entrar na presença de Deus. Esses ministérios, hoje apenas parcialmente praticados são: o ministério do sangue, destinado à nossa justificação, o ministério da água, destinado à nossa santificação e finalmente o ministério do Espírito, devotado à nossa transformação.

Por isso João informa, em 1 João 5:6, que Jesus não veio apenas pela água, mas sim pela água e pelo sangue e é o Espírito Santo quem dá o testemunho no céu e o testemunho na terra. Cabe a cada um de nós despertar desse longo sono que o sistema religioso tem nos imposto ao longo dos séculos e procurarmos colocar esses ministérios em ação em nossas vidas.

Vamos nascer da água e do Espírito, para finalmente adorarmos a Deus em Espírito e em Verdade e invocarmos o Seu Santo Nome, porque sem santidade ninguém verá a face de Deus.

Foi benção em sua vida?
Quer saber mais sobre a aplicação dos três ministérios em nossa igreja e como isso pode ser realizado durante as reuniões?
Escreva-nos, pergunte, comente!
Acompanhe sempre o nosso Blog Verdade de Cristo e nos ajude a divulgá-lo!

David C. Spadaro
IGREJA VERDADE DE CRISTO
(Uma igreja orgânica a serviço de Jesus Cristo)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

BOLETIM 10

Falando de fermento e mostarda: Crescimento espiritual e desenvolvimento da salvação

A seguir duas pequenas parábolas são narradas pelo Senhor, uma logo após a outra.
Essas parábolas podem ser encontradas em Mateus 13:31-33 e Lucas 13:18-21. Na primeira delas, o reino dos céus é comparado a um grão de mostarda que é plantado por um homem e que – apesar de ser a menor das sementes – acaba se transformando em uma grande árvore. Na segunda, o reino é comparado ao fermento que uma mulher esconde dentro de três medidas de farinha até que toda a massa esteja levedada.
Ambas as parábolas estão conectadas entre si, e nos falam da dinâmica do Reino dos Céus. O Reino de Deus não é algo estático, parado, inerte, pelo contrário, ali existe toda uma viva dinâmica de crescimento e de ação, aliás por isso mesmo o homem é comparado a uma árvore e o Éden é associado a um jardim que precisa ser regado e cuidado por um agricultor, que é Deus.
A mostarda - apesar de ser a menor das sementes - se transforma numa grande árvore, da mesma forma, quando perguntaram ao Senhor quem seria o maior no Reino de Deus, Ele respondeu que seria aquele que se tornasse humilde como uma criança (Mateus 18:1-4). Isso nos mostra que – em nossa caminhada rumo ao Reino dos Céus - nos aguarda todo um processo de crescimento e de maturidade espiritual, onde uma pequena palavra recebida sobre o Evangelho do Reino pode nos levar a um grande crescimento espiritual, tal como a pequena porção de fermento escondida dentro da farinha, acabou levedando toda a massa que agora aumenta gradualmente de volume e vai ficando mais leve, mais cheia de “ar”, que sempre esteve associado ao espírito [do grego: pneuma]:
1.       "O reino do céu é como o fermento..."
Na lei judaica do antigo Testamento, o fermento era geralmente proibido nas ofertas do Templo e – na Páscoa – qualquer vestígio de fermento tinha de ser removido das casas (Êxodo 13:3; Levítico 2:11; Amós 4:5). Já no Novo Testamento,  o fermento é sempre usado para representar a corrupção e a má influência (Lucas 12:1; 1 Coríntios 5:7; Gálatas 5:9).
Por estes motivos, muitos querem enxergar, nessa parábola, a identificação do fermento como algum tipo de corrupção que age no Reino dos Céus, porém não é esse o caso aqui, onde não se aplica a figura da corrupção, até mesmo porque, freqüentemente, vemos a mesma figura ser usada para representar dois extremos, por exemplo: Tanto satanás como Cristo são comparados a um leão (1 Pedro 5:8; Apocalipse 5:5); porém no caso de satanás é feita associação à ferocidade do leão em relação à sua presa, enquanto  em Jesus a associação é com Sua força e coragem. Da mesma forma, ao mesmo tempo em que a serpente é uma figura de satanás, Jesus Cristo também a usa como um modelo de prudência a ser seguido pelos discípulos, em Mateus 10:16.
2.       "Que uma mulher escondeu em três medidas de farinha..."
Já houve quem visse na figura da mulher a igreja, o Espírito Santo e até mesmo a meretriz da Babilônia, quando nada mais parece querer dizer além do fato de ser uma tarefa usualmente realizada pelas donas de casa. Quanto à farinha, também foram inúmeras as interpretações ao longo da história da Igreja: Para Agostinho as três medidas de farinha representavam toda a raça humana nos três filhos de Noé; já para Jerônimo - e também para Ambrósio – essas três medidas representavam a santificação do espírito, alma e corpo. Embora todas essas interpretações possam não estar muito longe do verdadeiro significado da farinha, as três medidas sugerem simplesmente a quantidade costumeira de massa usada naquela época para fazer pão (isto é, cerca de um alqueire, pouco mais do que 35 litros - Gênesis 18:6; Juízes 16:19; 1 Samuel 1:24).
A parábola do fermento fala do contínuo processo que a nossa caminhada rumo ao Reino de Deus vai operando em nossa alma e em nosso corpo, um processo que envolve santificação e transformação que a palavra de Deus e o Espírito Santo vão operando no crente. Assim, o bom fermento do Espírito, da mesma forma que a luz e o sal (Mateus 5:13-14), age em consonância com o plano de Deus para cada homem sobre a face da terra, numa atuação silenciosa, quieta, porém constante e eficaz, exatamente do mesmo modo como Jesus trabalhou entre os homens: "Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir sua voz na praça" (Isaías 42:2-3; Mateus 12:17-21). Contudo, seu trabalho nunca foi oculto e nem esquivo: "Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto" (João 18:20).
A obra do bom fermento do Espírito também é interna – de dentro para fora - e permanece invisível aos homens até que se torne manifesta por nossas boas obras de homens e mulheres santificados e verdadeiramente transformados em novas criaturas (Ler Mateus 5:16). Esta parábola é uma declaração poderosa de natureza espiritual do Reino dos Céus, sendo exatamente esse mesmo ponto que Jesus Cristo certa vez apresentou aos fariseus dizendo: "Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:20-21). A revolução radical do toque do Espírito Santo dentro de cada um de nós, como verdadeira “escada de Jacó”, uma ponte de luz que nos liga ao Reino dos Céus, vai  explodir silenciosamente dentro de nós, operando uma completa transformação do nosso coração, que agora começa a se tornar puro e simples como o coração de uma criança, deixando para trás toda a malícia, toda a iniqüidade, todo o medo e toda a incerteza. O fermento precisa portanto simbolizar o Evangelho do Reino, que opera invisível na alma individual (1 Pedro 1:22-23) e então passa silenciosamente de um coração para outro (Atos 8:4), levedando toda a massa da Igreja, não com o fermento dos fariseus, que é a religiosidade, mas sim com o bom fermento do Espírito, que dá vida e vida em abundância, gerando uma Igreja viva e gloriosa, assim como é a Mulher de Apocalipse 12.
Assim como a massa é uma só, assim também a verdadeira Igreja é um organismo vivo e único que, embora feito de cada um de nós, tem uma única identidade: “Para que todos seja um” (João 17:21).

domingo, 4 de março de 2012

BOLETIM 9

A parábola do joio e do trigo: a ceifa no Reino

Vamos continuar com a tremenda mensagem do Evangelho do Reino, algo tão importante para a nossa salvação que, mesmo tendo falado abertamente aos seus discípulos, nosso Senhor Jesus Cristo teve o especial cuidado de deixá-la registrada sob uma forma que a manteria preservada, intacta e fiel, mesmo depois de passados muitos séculos desde a época em que a mensagem foi ditada: estou falando das parábolas, verdadeiros repositórios fiéis da doutrina de Cristo.
Já que a tradição dos discípulos perdeu-se na poeira do tempo, restam-nos as parábolas como fonte da mensagem do Evangelho do Reino e é da correta interpretação das mesmas, sempre à luz daquilo que o Espírito Santo tem nos conduzido, que depende tudo aquilo que buscamos levar ao conhecimento de todos aqueles que, a exemplo daquilo que nos fala a Carta aos Hebreus (conforme Hb 5:11-14), querem tornar-se verdadeiros discípulos de Cristo e agora já não mais se contentam com o leite do Evangelho da Graça e buscam o alimento sólido do Evangelho do Reino.
É nesse contexto que passamos agora à parábola do joio e do trigo.
Esta parábola é praticamente uma outra forma de dizer o mesmo que a anterior, das bodas, porém aqui aqueles que não têm as vestes de justiça são chamados de joio, enquanto os justos são o trigo. A parábola está em Mateus 13:24-30 e pode ser encontrada também no Evangelho de Marcos 4:26-29, porém de forma muito mais resumida.
Um detalhe importante a observar aqui é que, assim como no caso das bodas, tanto os bons como os maus chegaram ao Salão do Reino, aqui também tanto o trigo como o joio cresceram até chegar ao ponto de corte, ou ceifa. Da mesma forma, enquanto na primeira parábola apenas já dentro do Salão é que foram separados os vestidos com as vestes de justiça dos demais, aqui também só no Salão do Reino é que os que cometem a iniqüidade serão separados dos justos e lançados na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes.
No fundo ela nos fala da mesma coisa: não basta cumprir as condições iniciais, não basta simplesmente crer e ser batizado nas águas: é preciso agora desenvolver a nossa salvação e isso dependerá de nossos atos de justiça, da nossa perseverança na fé e daquilo que é, por assim dizer, o foco dessa parábola: a nossa boa ou má índole.
A índole é uma palavra que serve para expressar propensão natural, disposição, inclinação, gênio, caráter ou temperamento de uma pessoa: a questão aqui é saber como Deus trata isso no que diz respeito ao plano da salvação.
Todos os seres humanos nascem com uma propensão natural ao pecado. Isto se traduz, de forma explícita, no mecanismo das três concupiscências (da carne, dos olhos e da soberba da vida) descritas por João em 1 João 2:15-17. Em poucas palavras, a concupiscência é o mecanismo que satanás emprega para nos levar a fazer coisas que desagradam a Deus e nos afastam dEle, tal como foi com Eva no Éden, enganando-a e convencendo-a a provar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Voltaremos a tratar dessas três concupiscências, mais detalhadamente, quando abordarmos o processo de santificação do crente. Por ora, tudo que precisamos saber sobre isso, é que o esse mecanismo se vale de nossas necessidades carnais (alimentação, libido, etc.), de nossas necessidades estéticas (coisas agradáveis aos olhos) e da nossa vaidade pessoal, para nos tentar e nos levar a fazer coisas que, muitas vezes, até escapam ao nosso controle mental.
É neste ponto que entra a questão da boa ou má índole.
Por um lado, existem pessoas que, muito embora sofram a ação desse mecanismo, vão resistir muito, no que diz respeito a fazer qualquer coisa que possa ferir, ou causar mal a alguém, ou mesmo fazer qualquer coisa errada no que diz respeito a si mesmo, tal como atos de prostituição, vícios, etc., mesmo que sejam completamente atéias e não tenham qualquer vínculo cristão: esses são homens naturais de boa índole. Existem até mesmo aqueles que levam uma vida mergulhada no crime, na violência, nas drogas e na prostituição e que gostam disso, sentem prazer na transgressão, mas que ao chamado de Cristo vão responder positivamente e vão mudar radicalmente de vida.
Por outro lado, existe o outro extremo: são pessoas que, mesmo não recebendo qualquer influência de satanás nesse sentido, irão voluntariamente buscar o pecado como uma forma natural de agir, em relação ao próximo e a si mesmos, seja para obterem alguma vantagem ou benefício próprio, seja por puro e simples prazer. São pessoas que não pecam apenas por um impulso momentâneo e incontrolável, mas sim por planejamento, por estratégia, visando um objetivo pessoal e mesquinho: esses são homens naturais de má índole – ou homens “carnais” - e os seus atos são rotulados no linguajar bíblico como “iniqüidade”. Esses, na parábola, são os chamados “filhos do maligno”.
Assim como o joio e o trigo foram plantados juntos e ambos tiveram a oportunidade de crescer, também o chamado à conversão vem para todos: bons e maus. Em Mateus 4:44 vemos o Senhor dizer que Deus faz o sol se levantar tanto sobre bons como maus, e que envia a chuva tanto sobre os justos como sobre os injustos.
Mas a parábola é bem clara num aspecto muito importante: em parte alguma da parábola vê-se joio deixando de ser joio e passando a ser trigo, ou seja, não há transformação no caso do joio. Isto quer dizer que, após a sua conversão, o homem natural poderá crescer em santidade e perseverar desenvolvendo a sua salvação, porém aqueles de má índole, filhos do maligno, jamais se tornarão efetivamente novas criaturas em Cristo e nunca chegarão a entrar no Reino dos Céus: serão lançados nas trevas exteriores, no caos, onde permanecerão para todo o sempre, apartados da presença do Pai, algo tão terrível que causa choro e ranger de dentes.
O homem natural considera as coisas do Espírito de Deus como loucura. Paulo escreve:
O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente”. (1 Coríntios 2:14).
Antes do chamado, o homem natural é Inteiramente confiante em seus próprios recursos, permanecendo espiritualmente morto para Deus e separado dEle por causa do pecado.
Quando essa pessoa responde ao chamado, e entrega a sua vida a Cristo, o Espírito Santo realmente entra na sua vida e começa a trabalhar e a assumir o comando, pelo lado do Espírito, para guiá-lo e fortalecê-lo para que viva para Jesus Cristo e busque o “estar em Cristo”. Neste momento, o Senhor Santo Espírito passou a habitar no seu coração, deu-lhe o novo nascimento, selou-o com a marca de Cristo e batizou-o no corpo de crentes com a remissão dos pecados. Porém satanás ainda continua a tentar assumir o comando, pelo lado da carne e, por conseguinte, ainda ocorrem ocasiões de pecado. Paulo descreve muito bem essa situação em Romanos 7:19-23:
Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já não o faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Pois segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus, mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros”.
O homem de boa índole reconhece isso e, confessa seus pecados, arrepende-se e - com o coração verdadeiramente contrito - pede perdão a Deus em nome de Jesus Cristo: ele busca sempre andar na luz, assim como escreve João em 1 João 1:5-10. Ele vai ainda perseverar em buscar sua santificação pela palavra de Cristo, conforme Efésios 5:26,  e a sua real transformação, mantendo-se "cheio" do Espírito conforme Efésios 5:18-21, o que equivale a manter deliberadamente Cristo no trono da sua vida. Este é o “homem-trigo” que vai crescer, ser colhido e levado ao agricultor que é Deus.
Já os de má índole, os “filhos do maligno”, não reconhecem essa condição: são como os fariseus, mergulhados na religiosidade fria que nos afasta de Deus ao invés de nos aproximar, vão preferir “ficar no escuro”, vão esconder suas faltas e, muitas vezes, vão até achar que estão agindo corretamente, quando na realidade estão semeando contendas entre irmãos, com perversidade no coração. O Antigo Testamento já os menciona e, no Livro de Provérbios (Pv 6: 12-19) são citados como “homem de Belial”.
Segundo se lê nesse trecho de Provérbios, os “homens de Belial”, que são os mesmos filhos do maligno, são pessoas vis, que andam com perversidade na boca. São geralmente pessoas que se distingue com certa facilidade no seio de uma congregação porque estão sempre semeando contendas entre os próprios irmãos, desestabilizando a congregação e, muitas vezes, ocasionando verdadeiros desastres. Um perfil bem claro está em 1 Co 5:11.
Um bom exemplo desse comportamento iníquo está relatado em Atos 5:1-10, onde podemos ler sobre o casal Ananias e Safira que são um perfeito exemplo do “homem-joio”.
Em minha vida ministerial na igreja, por vezes me deparei com pessoas que apresentavam exatamente esse comportamento, muito embora fossem crentes com muito tempo de igreja, batizados e até mesmo atuantes no ministério.
Certa ocasião, logo no início do período em que comecei a divulgar esta mensagem pela internet, recebi um email de um rapaz, membro ativo de uma congregação muito atuante no meio evangélico, que lançou toda sorte de pragas e maldições sobre esta missão de divulgação do Evangelho do Reino e que, tomado de intensa raiva e orgulho próprio, não aceitava qualquer tipo de correção – mesmo que totalmente embasada na Bíblia - e sempre respondia com pedras nas mãos, mesmo comigo procurando manter toda humildade e atenção possíveis consigo, procurando mostrar que aquilo que ele dizia não era exatamente correto à luz das Escrituras.
Ali estava certamente um “homem-joio”: alguém que estava crescendo junto com o ministério, crescendo junto com os “homens-trigo”, mas que somente pregava o ódio, a discriminação, o medo e a discórdia, semeando intrigas de todo tipo entre os próprios irmãos, ocultando seus pecados inconfessos nas sombras, ao invés de procurar andar na luz, como Jesus na luz está, reconhecendo suas faltas, se arrependendo, confessando-as e pedindo perdão a Deus em nome de Jesus Cristo.
Que Deus nos livre dos “homens-joio” em nosso meio.