Uma igreja primitiva a serviço de Jesus Cristo,



no aperfeiçoamento dos santos, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus.





CONTATO

E-mail: ivecri@gmail.com
Correspondência: Caixa Postal 45 - CEP 11.750-000 - Peruíbe - SP - Brasil

Apresentação

Este Blog é dedicado à missão de trabalhar pela restauração da Igreja originalmente concebida por Jesus Cristo, através do despertar de uma verdadeira consciência cristã em todos aqueles que, independentemente de suas denominações, busquem o ideal da simplicidade que há em Cristo, libertando-se da religiosidade e das doutrinas originadas de idéias e tradições humanas, que acabaram gerando uma falsa ortodoxia.

Nossa missão essencial é a recuperação do modelo original da igreja primitiva, ainda anterior à Assembléia de Jerusalém, e também o anúncio do Evangelho do Reino.

Começamos a transmissão dessa mensagem através dos nossos "Boletins Verdade de Cristo", enviados por Email a grupos de leitores em todo o mundo, e agora Deus nos orientou a criarmos este Blog, com a mesma finalidade e missão, onde os internautas poderão encontrar também os boletins já emitidos até hoje.





QUEM SOMOS NÓS

Somos uma congregação cristã que se enquadra no modelo de igreja orgânica, sendo identificada como IGREJA VERDADE DE CRISTO, apenas como uma forma de identificar claramente a nossa congregação, e que - desde sua fundação - se identifica como uma igreja de discípulos.

CONCEITUANDO A IGREJA

Mas o que é a igreja? Que pessoas a constituem e com qual propósito? E oque Paulo apóstolo quer dizer quando chama a igreja de "corpo de Cristo"? Para podermos responder plenamente a todas essas perguntas, precisamos – de início – compreender três coisas fundamentais:

  • Em primeiro lugar, é importante esclarecer-se que a palavra “igreja” vem da palavra grega ekklesia. Ao ser usada como uma expressão quotidiana do mundo, ekklesiaera usada para designar uma assembléia ou reunião qualquer de pessoas com as mais diversas finalidades, porém, ao ser usada no grego koiné dos textos do Novo Testamento (NT) essa palavra ganha um sentido mais específico, que é a assembléia ou reunião dos crentes em Jesus Cristo, que o aceitaram como Único Senhor e Salvador e que seguem a Sua Doutrina e que praticam os Seus mandamentos e ordenanças para a Igreja, tal qual especificados nos Evangelhos;
  • Em segundo lugar – e certamente isso é algo mais complexo e misterioso - precisamos compreender que a verdadeira Igreja de Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, um ser espiritual - inteiramente novo e tremendo - pessoalmente criado por Deus a partir de Jesus Cristo e também é a assembléia de crentes acima já qualificada. Ou seja:
    • Como um ser espiritual a Igreja é a Noiva do Cordeiro, a Nova Eva criada por Deus a partir do Novo Adão que é Jesus Cristo para que – assim como a primeira – seja sua auxiliadora. Essa “Nova Eva” espiritual é representada,no Livro do Apocalipse (Ap 12) pela visão da ”Mulher Gloriosa” apresentada ao apóstolo João e foi criada por Deus a partir da água e do sangue que saem do lado de Jesus no momento de sua crucificação (representando dois de seus 3 ministérios) assim como a “antiga Eva” foi criada por Deus a partir de um osso retirado do lado do primeiro Adão. Assim como o antigo Adão recebe vida a partir do “sopro de Deus”, também a Igreja recebe vida a partir do “sopro do Cristo ressurgido”como se lê no Evangelho de João, em Jo 20:22. Isso é um mistério, mas assim é, tal como explica e descreve Paulo na Carta aos Efésios (Ef 5:22-33);
    • Como uma assembléia, é a reunião – ou comunidade espiritual - de todos os crentes cristãos e verdadeiramente salvos, de todos os tempos, a saber: passado, presente e futuro. Esta é uma das melhores formas de se conceituar a Igreja como “universal assembléia” tal como aceita pela maioria dos teólogos, e que pode ser observada por exemplo em Grudem, Wayne – “Teologia Sistemática” (44, A, 1). Essa “Universal Assembléia Espiritual” é representada fisicamente na terra por “instâncias”, também conhecidas como “igrejas locais”, que são as diversas denominações hoje existentes, fundadas por homens, com a finalidade de cumprir a missão da Igreja, através dos ministérios a ela delegados por Cristo. Com respeito a esses ministérios é feita uma exposição detalhada mais à frente.
  • Finalmente, em terceiro lugar, é preciso entender profundamente o contexto social e histórico da época em que a igreja primitiva local surgiu, e como o cruzamento das culturas hebraica e helênica se associou a idéias, objetivos pessoais e conceitos dos primeiros bispos da igreja e de governantes ambiciosos, para ir – pouco a pouco – adulterando o modelo originalmente concebido por Jesus Cristo e – como resultado dessas alterações – dando lugar a uma outra instituição, hoje erroneamente conhecida como “igreja”, mas que – na realidade – é um conjunto de doutrinas (ortodoxia) adotado por distintas instituições dos vários ramos da “igreja local” hoje existentes. Dois eventos merecem destaque nessa série de mudanças, porque foram os responsáveis pelas maiores alterações:
    • Por responsabilidade do Bispo Tiago, da Igreja de Jerusalém, o Concílio de Jerusalém, retratado no Livro de Atos dos Apóstolos (At 15), lembrando que não temos hoje uma ideia precisa de tudo quanto foi abolido da doutrina original além das questões sobre a circuncisão e outras associadas ao rito judaico, visto que o texto do Livro de Atos é muito genérico e perigosamente abrangente:

“Na verdade, pareceu bem ao espírito santo e a nósnão vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias:Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá”.(At 15: 28-29)

Tudo mais que foi transmitido por Paulo, Silas, Barnabé e Judas aos Bispos da Igreja de Antioquia é desconhecido, porém logo depois desapareceria a Igreja de Jerusalém e ali, em Antioquia, viria a florescer o cristianismo religioso que hoje conhecemos, com liturgia de culto, hierarquias sacerdotais, edifícios especialmente dedicados à função de templos cristãos, púlpitos, altares e vestimentas sacerdotais, além de tudo aquilo que hoje conhecemos como ortodoxia. Lembramos que foi de Antioquia que partiram missões destinadas às principais comunidades cristãs da Antiguidade, buscando impor a essas comunidades o modelo de igreja ali praticado e abolindo o modelo original anterior: um prejuízo incalculável que viria a ser aumentado ainda mais no século IV;

    • Por responsabilidade do imperador romano Constantino, o Concílio de Nicéia, realizado em 325 d.C., onde, por conta de se discutir a questão ariana e algumas outras questões menores como a data da Páscoa e outras, muitas outras alterações foram introduzidas nas reuniões preliminares (não documentadas) celebradas entre os teólogos de Constantino e os bispos representantes das igrejas. Por ação de Constantino foi definido o modelo seguido pela Igreja de Roma e pela Igreja de Constantinopla, corrompendo ainda mais o que já havia sido deturpado pelo modelo de Antioquia. A religião cristã tinha um papel fundamental para a manutenção da unidade do império. A unificação de crenças, costumes e ritos - cristãos e pagãos - garantia certa coesão entre as diferentes partes do império, e a hierarquia sacerdotal legitimava o poder do imperador. Por sua vez, a figura do imperador era fundamental para a unidade da própria Igreja. O combate às heresias, que eram as idéias contrárias à doutrina oficial da Igreja (Ortodoxia) e a eventuais ritos diferentes daqueles adotados e aprovados pela hierarquia eclesiástica reforçava a união Estado-Igreja. O Estado precisava da unidade doutrinária do credo cristão, e a Igreja necessitava da interferência do imperador na resolução dos problemas doutrinais, resultando numa simbiose extremamente poderosa.

Esse status vigente deveria – e poderia - ter sido integralmente quebrado pela Reforma Protestante, mas infelizmente isso não aconteceu e boa parte desse modelo da ortodoxia foi adotado também por Lutero e Calvino e assim perdura até os dias de hoje como um establishmentreligioso eclesiástico, que transcende até mesmo o abismo doutrinário que separa o mundo católico do mundo reformado, compondo um conjunto doutrinário comum, fora do qual tudo é indistintamente rotulado como “heresia”, como “heterodoxia” e até mesmo como “vento de doutrina”.

Alguns defensores mais exaltados da ortodoxia vigente ousam declarar que tais mudanças foram benéficas e precisariam acontecer porque a Igreja precisava se modernizar e acompanhar a modernização da sociedade, ao que nós respondemos que a Igreja foi criada por Cristo, e que Cristo é o mesmo ontem, hoje e para todo o sempre!

IGREJA DOS DISCÍPULOS E IGREJA DA MULTIDÃO

Ao lermos com atenção os evangelhos, é fácil perceber que o Senhor Jesus Cristo criou – na verdade - dois modelos de assembléia (ekklesia) local, ambos parte da mesma universal igreja espiritual, a saber: uma assembléia para congregar a multidão e uma assembléia destinada a congregar os discípulos de Cristo. Essa distinção fica muito bem clara nos evangelhos, quando lemos que o Senhor era sempre acompanhado de dois grupos: a multidão que era de mais ou menos 5000 pessoas, e os discípulos, que eram cerca de 120.

A multidão seguia Cristo em busca do perdão dos pecados e justificação diante de Deus, da cura das enfermidades, da expulsão de demônios e da satisfação das suas necessidades mais imediatas, onde a mais freqüente era a fome: isso é Evangelho da Graça (Atos 20:24).

Já os discípulos buscavam estar com Cristo por amor a Ele (Jo 21:15-17), para estar junto dEle, para servi-Loe buscarem a verdadeira libertação, que só vem através do conhecimento da verdade (Jo 8:31-32): isso é parte do Evangelho do Reino: o verdadeiro evangelho que Cristo ensinava (Mt 4:23, 9:35, 24:14) e do qual conhecemos uma pequena parte na forma de parábolas e de todos os discursos do Senhor Jesus Cristo nos quais Ele começava dizendo: "O Reino dos Céus é semelhante a" e também no assim chamado Sermão da Montanha e que ocupa os capítulos 5, 6 e 7 do Evangelho de Mateus e de partes do Evangelho de João, notadamente João 3 e João 4.

Uma diferença notável entre ambas as congregações é o seu testemunho sobre Jesus de Nazaré. Essa diferença aparece, de forma gritante, no diálogo entre o Senhor e seus discípulos, retratado em Mateus 16: 13-18, e persiste ainda até hoje quando observamos as atitudes e os testemunhos da maioria dos freqüentadores das grandes igrejas da multidão, que congregam até mais de 5.000 pessoas numa única reunião. É freqüente observar-se as pessoas buscarem essa ou aquela denominação porque o bispo, apóstolo ou pastor é “milagreiro” e “ora forte”, pessoas que não buscam firmar sua base espiritual na rocha firme da Palavra do Senhor e que acabam aceitando muitas vezes verdadeiras heresias, simplesmente porque o líder da denominação assim o disse, sem base bíblica, sem comprovação pelo exame das Escrituras.

Não somos uma igreja local cujo perfil seja reunir grandes multidões, porém buscamos congregar discípulos e discípulas de Cristo, crentes fortalecidos na fé, que efetivamente busquem o alimento sólido do Evangelho do Reino e que não mais se contentem apenas com o leite da doutrina elementar (Evangelho da Graça) pregada à multidão, tal como é mencionado na Carta aos Hebreus (Hb 5:12-13). O verdadeiro discípulo é aquele que já crê de todo o coração em Jesus Cristo, já sabe que Jesus o ama, já busca crescer em santidade e busca sempre confessar os seus pecados – com o coração arrependido – a cada vez que peca.Mas o discípulo sabe que isso não basta, pois o verdadeiro discípulo é aquele que crê e pratica todas essas coisas, mas que agora ainda quer saber como encher-se do Espírito Santo – conforme Ef 5:18-21 – até atingir a plenitude (pleroma), quer saber como estar em Cristo e efetivamente tornar-se um com o Senhor, quer saber enfim como atingir a unidade da fé, o conhecimento do Filho de Deus e a estatura de varão e varoa perfeitos em Cristo (Ef 4:13). O discípulo é aquele que já sabe que sua SALVAÇÃO PRECISA SER DESENVOLVIDA com temor e tremor ( Fi 2:12) e que não é simplesmente através de uma oração que tenha feito no momento em que se tornou cristão, ou ainda através da simples freqüência aos cultos dominicais e da observação de usos e costumes que irá conseguir esse desenvolvimento espiritual.

É conclusão nossa – após longo período de pesquisa da História da Igreja e dos textos do Novo Testamento, que a verdadeira e pura igreja dos discípulos deixou de existir – de uma forma autônoma - logo nos primeiros séculos da história eclesiástica; e isso por uma ação de bispos da igreja da multidão, que se valeu de sua expressiva maioria numérica, para exercer poder e legislar sobre as demais igrejas, o que já vemos acontecer no Concílio de Jerusalém retratado no Livro de Atos dos Apóstolos (At 15), onde – por decisão do bispo de Jerusalém (Tiago, irmão do Senhor e não apóstolo) a Doutrina de Cristo cedeu lugar à Doutrina dos Apóstolos e piorando ainda mais depois, por obra do imperador Constantino, em 325 DC após as decisões do Concílio de Nicéia, instituindo um conjunto de doutrinas e costumes básicos, que passou a ser conhecido como ORTODOXIA e que – infelizmente - tem sido o padrão doutrinário seguido até os dias de hoje por todas as denominações, sejam elas católica, ortodoxa, protestante luterana, batista, evangélica e neo evangélicas. Todas elas, sem exceção e apesar de certas diferenças entre umas e outras, seguem exatamente o mesmo padrão geral deixado por Constantino, padrão esse que ele chamava de “Igreja do Salvador” e que se tornou, por assim dizer, o modelo de ortodoxia a ser seguido, sendo que qualquer tentativa de repudiá-lo e voltar ao modelo original sempre foi classificada como “heresia”. Na realidade essas características acabaram infelizmente sobrevivendo nas igrejas reformadas porque a Reforma de Lutero foi muito fraca, tão fraca que - alguns anos depois - muitos dos expoentes da Reforma já clamavam por uma “reforma da reforma” e originaram movimentos paralelos tais como o Quietismo, o Pietismo e outras correntes eclesiásticas, como o Metodismo de John Wesley, fortemente influenciado pela Igreja dos Irmãos Morávios, por exemplo.

Muitos que – desde o início – não aceitaram esse suposto “modelo ortodoxo” e suas novas doutrinas, buscaram manter preservada a igreja original de Cristo através do refúgio no deserto, ou ainda do isolamento (como os anabatistas por exemplo), mas foram todos alcançados pelo "rolo compressor" da falsa ortodoxia, até hoje vigente, e foram extintos.

Na realidade, tudo o que sobrou nos dias de hoje, como um mero “vestígio” remanescente da igreja dos discípulos, é a assim chamada divisão interna na organização eclesiástica em um nível sacerdotal (padres, pastores, bispos, diáconos, obreiros, presbíteros, anciãos, etc.) e um nível laico (leigos, ovelhas, etc.); divisão essa que podemos observar hoje em qualquer denominação cristã como uma mera “sombra” do passado.

UMA IGREJA ORGÂNICA

Posteriormente, concluímos ainda que, além de buscarmos resgatar a igreja dos discípulos, haveria ainda a necessidade de se resgatar todo o modelo original da igreja autentica idealizada por Jesus Cristo, a saber:

ü Uma igreja que não acumula riquezas, pois tudo quanto recebe em dízimos e ofertas deve ser direcionado aos pobres e vítimas da exclusão social, sob a forma de distribuição de alimentos e cestas básicas, roupas e demais ações claramente identificadas pelo Senhor Jesus Cristo no Evangelho de Mateus (Mt 25:31-46);

ü Uma igreja itinerante, sem templos, porque o verdadeiro templo espiritual hoje está dentro da cada um de nós e porque Jesus Cristo não mandou os discípulos alugarem ou comprarem prédios e colocarem placas nas portas, mas mandou que as reuniões fossem feitas de forma simples, nas próprias casas das famílias, nas praças e nos bosques (Jo 4: 21-24; Lc 9: 57-62, 10: 1-11);

ü Uma igreja onde pastor não usa púlpito e nem veste obrigatoriamente terno e gravata, pois Nosso Senhor Jesus Cristo não usava as roupas finas dos sacerdotes fariseus e nem mandou que seus discípulos usassem qualquer tipo de traje especial para pregarem o Evangelho do Reino. Aliás, pelo contrário: O Filho de Deus, a Luz Eterna que veio ao mundo para nos salvar, usava uma túnica simples de linho e muitas vezes caminhava descalço pelas estradas poeirentas de Israel. A pesquisa da evolução dos costumes eclesiásticos mostrou que o terno e a gravata são uma ostentação oriunda da evolução da batina dos padres e depois das túnicas negras dos reverendos luteranos, calvinistas e metodistas: tudo religiosidade pura e sem sentido algum para Deus (Lc 9:13).

Por esses motivos, hoje nos identificamos também como umaigreja orgânica, uma igreja local que não dispõe de um local específico que seja usado como templo e que faz as suas reuniões nas casas das famílias, na praia, nos jardins, nas praças e nas associações.

A esse propósito lembramos que o modelo de igreja orgânica não pode ser confundida com os chamados Grupos Familiares hoje existentes em quase todas as formas de igrejas locais e nem tampouco com as Células das igrejas locais com Visão Celular, visto que todas essas ainda mantêm pelo menos um Templo físico e adotam praticamente toda a tradição do modelo da ortodoxia, incluindo pastores que obrigatoriamente precisam usar gravata, púlpito, etc.

IGREJA DE AMOR ÁGAPE

Somos uma Igreja que, através da proclamação do Evangelho, procura dar testemunho do nome de Jesus Cristo ao mundo – conforme o comissionamento registrado no Evangelho de Marcos (Capítulo 8, Versículo 29) e, por intermédio desse anúncio, exercer o amor, em primeiro lugar através do serviço a Deus, nas 3 pessoas da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo -, depois aos crentes – através de ministérios que os conduzam à santificação e à transformação em novas criaturas – e finalmente ao mundo, por intermédio do exercício do amor ao próximo, do chamado e do ministério da reconciliação com Deus, exercidos em Casas de Apoio de nossa fundação, em visitas a hospitais e presídios, em viagens missionárias a localidades remotas e carentes, em mensagens veiculadas através da Internet em e-mails e através de nosso site, de publicações e ainda através de programação televisiva ou de rádio, bem como através de reuniões – como igreja orgânica – celebradas em casas de famílias, em associações, em praias, parques e bosques, ou ainda qualquer outro local onde seja possível nos reunirmos em nome de Jesus Cristo.

Como igreja local, somos um grupo de crentes em Jesus Cristo que concordam em buscar e exercer juntos os ideais da verdadeira igreja original fundada por Cristo: sem acumular riquezas porque distribui e aplica em obras assistências todo o que recebe em dízimos e ofertas, simples e totalmente isenta de vínculos com os modelos eclesiásticos que foram sendo posteriormente instituídos pelos homens. Uma igreja local comprometida apenas com a missão de levar a pregação do evangelho pleno e integral ao mundo – incluindo o Evangelho da Graça e o Evangelho do Reino – e com o exercício do amor ágape ao próximo, conforme as regras do Evangelho (Mateus 25:31-46).

Como igreja espiritual, somos parte da Noiva do Cordeiro como uma instância local desta – conforme Carta aos Efésios, Capítulo 5, Versículos 24 e 25 e Livro do Apocalipse, Capítulo 21, Versículo 9, composta de todos os cristãos verdadeiros, de todos os lugares e de todos os tempos – passado, presente e futuro – que será arrebatada no final dos tempos, conforme registrado no Evangelho de Mateus (Capítulo 24, Versículo 31) e, por sermos parte do Corpo – que é a Comunhão dos santos -, somos parte da universal assembléia, conforme Carta aos Hebreus, Capítulo 12, Versículo 22.

NOSSA MISSÃO

  1. Como Igreja

Como Igreja que somos, temos missão com Deus, com os crentes e com o mundo.

Nossa missão com Deus é tripla, pois destina-se às 3 pessoas que compõem a Santíssima Trindade: Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo:

  • Missão com Deus Pai: é cumprida através do correto exercício dos ministérios delegados por Jesus Cristo à sua Igreja, conduzindo os crentes à sua justificação diante do Pai – exclusivamente pela fé em Jesus Cristo – e conseqüentemente à reconciliação com Deus (Rm 5:11; 2 Co 5:18-19) e, uma vez reconciliados, conduzindo-os a adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4:23-24);
  • Missão com Jesus Cristo: porém somente pode adorar em verdade aquele que conhece a verdade e só conhece a verdade aquele que se torna discípulo de Cristo (Jo 8:31-32), sendo assim essa é a primeira missão da Igreja Verdade de Cristo com relação ao Filho: fazer discípulos, conforme Seu expresso mandamento à Igreja (Mt 28:19). Além disso, a Igreja é a Noiva de Cristo e, como tal, deve amá-Lo com o verdadeiro amor ágape, tal como Ele assim mesmo nos ama (Jo 21:15; Ef 5:24-25). O verdadeiro amor ágape, porém, só pode ser desenvolvido naquele discípulo que busca os dons espirituais mais excelentes (1 Co 13), o que conduz ao ministério do espírito;
  • Missão com o Espírito Santo: ninguém poderá adorar a Deus em espírito, ou amar a Jesus Cristo com o verdadeiro amor ágape, sem a plenitude do Espírito Santo, sendo assim é missão da Igreja Verdade de Cristo com relação ao Espírito Santo levar os discípulos a buscarem a plenitude (pleroma) do Espírito Santo, conforme a regra exposta pelo apóstolo Paulo na Carta aos Efésios (Ef 5:18-21), através de práticas específicas com essa finalidade;

Nossa missão com os crentes é a de conduzi-los durante as 3 fases de seu ciclo de amadurecimento espiritual:

  1. reconciliação através do sangue de Cristo (2 Co 5:18),
  2. santificação através da Palavra de Cristo(Jo 15:3) e
  3. transformação por intermédio da plenitude do Espírito Santo (2 Co 3:18).

Para tanto, da mesma forma que na igreja primitiva original, mantemos 3 distintos ministérios, cada qual especificamente destinado a tratar com uma das 3 fases acima descritas, a saber: Ministério do Sangue, Ministério da Água e Ministério do Espírito, conforme ensina o apóstolo João em 1 Jo 5:6.

Finalmente, a missão da Igreja Verdade de Cristo, com relação ao mundo, é a de efetuar o chamado; é fazer o anúncio da Boa Nova, de todas as formas ao nosso alcance, usando – na medida do possível – os veículos de comunicação visual, escrita e falada, para que todos aqueles que ainda não tiveram uma experiência viva e pessoal com Jesus Cristo possam ter essa oportunidade e assim poderem optar pela vida eterna, no convívio dos eleitos e na presença de Deus, para todo o sempre.

GERANDO OVELHAS

Além disso, buscamos ainda cumprir, com relação a todos quantos necessitarem e estiverem ao nosso alcance e dentro de nossas capacidades, as ordenanças de Cristo para o exercício do amor (agapô) ao próximo, tal como Ele mesmo ditou no Evangelho de Mateus (Mt 25: 31-46). Entre as principais formas de se exercer esse amor, figura o nosso projeto MISSÃO ÁGAPE, que atua na área missionária, evangelizando através do ciberespaço e na cooperação com outras obras missionárias, obras de assistência social e de recuperação de dependentes químicos.

  1. Como instância local da Igreja espiritual de Jesus Cristo (Noiva do Cordeiro)

Como uma instância local da própria Igreja espiritual universal, temos uma missão com relação à própria Igreja, a qual consiste em divulgar – no meio eclesiástico – o modelo hoje por nós praticado, com o objetivo de despertar, no povo de Deus, a motivação para reverem os seus conceitos e buscarem a simplicidade de Cristo e o retorno ao modelo original da Igreja.

Estamos de braços abertos para acolher como congregados todos os que se sentirem motivados, pelo Espírito Santo, a estarem conosco como comunidade de discípulos, porém não é nossa intenção fazer com que as pessoas mudem de congregação ou de denominação, mas sim despertar no povo de Deus uma real e verdadeira consciência cristã e de busca pela maturidade espiritual. Aos líderes denominacionais e ministros do evangelho, buscamos conduzi-los a um despertar que os motive a reverem seus próprios modelos hoje praticados, buscando torná-los mais adequados ao exercício do ministério tal como orientado por Paulo, na Carta aos Efésios:

Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente.

Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.

(Ef 4: 10-15)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

OS BATISMOS




OS BATISMOS

Ultimamente tem surgido muita polêmica envolvendo dois aspectos muito importantes do batismo: a questão do batismo de Cristo e a questão do batismo nas águas, onde hoje muitos alegam não ser mais necessário.

Quero começar a tratar desse assunto fazendo referência à Carta aos Gálatas, pois é ali que Paulo, além de falar sobre a justificação pela fé, desenvolve também a doutrina da adoção, cuja essência vamos encontrar em Gálatas 3:26-27 a seguir:
“Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus, pois todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo”.

Em primeiro lugar chamamos a atenção para o fato de Paulo associar o fato de Deus nos considerar como filhos após estarmos “revestidos de Cristo” como se Cristo fosse colocado sobre nós, como uma túnica que nos cobrisse completamente. Já tocamos nesse ponto quando começamos a tratar sobre as vestimentas na parábola das bodas e aqui vemos a sua conexão com o Batismo em Cristo e com a adoção.
Aqui realmente Paulo faz um paralelo entre o Batismo em Cristo e uma “veste de salvação” com a qual nos vestimos, tal qual Jacó “reveste-se de Esaú” em Gênesis 27, para poder tomar posse da herança de filho, como se fosse o próprio primogênito: Deus só nos dará a herança de filhos se enxergar Cristo em nós.
Entretanto, há que discernir-se muito bem aqui o conceito do Batismo em Cristo, pois é totalmente diferente do batismo nas águas, para arrependimento e remissão. A propósito dessa questão, a Bíblia é bastante esclarecedora no episódio do batismo em Cristo e do batismo no Espírito Santo, ministrados por Paulo à congregação em Éfeso, episódio descrito em Atos 19:1-6.
Ora, muitos poderão agora argumentar, diz a Bíblia - em Efésios 4:5 - que há um só batismo, porém, neste ponto em particular da Carta aos Efésios, Paulo está claramente falando do batismo de arrependimento, que é proporcionado através do batismo nas águas.
Porém, a mesma Bíblia, nos mostra também que existem 3 tipos de batismos aplicáveis à Igreja, durante o ciclo de amadurecimento espiritual de cada crente e, em Hebreus 6:2, vemos que essa doutrina era claramente explicada e ministrada na Igreja.
Em Mateus 3:11 esses 3 batismos são explicitamente mencionados por João Batista e, em Atos 2:38, 19:1-6, vemos que cada qual tem a sua específica finalidade dentro do contexto de nossa vida cristã, a saber:
- O Batismo de João, na água
- O Batismo em Cristo, na água e no sangue
- O Batismo no Espírito Santo, no fogo

A esses três batismos devemos acrescentar ainda um quarto batismo, único e exclusivo à pessoa de Cristo Jesus:

- O Batismo de Cristo, nas águas.


1) O Batismo nas águas

Iniciamos esta abordagem sobre o batismo nas águas com um revelador trecho da Primeira Carta de Pedro:
“que também agora, por uma verdadeira figura – o batismo – vos salva, o qual não é o despojamento da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pedro 3:21)

Nesse trecho da carta, vemos claramente o apóstolo Pedro ensinar que o batismo cristão nas águas, não é um banho ritual de purificação, como pretendiam ser as cerimoniais lavagens e abluções diversas do rito judaico, mas sim um sinal visível e público da firme intenção do crente em buscar uma real e efetiva consciência cristã, diante de Deus.
O batismo nas águas não justifica pessoa alguma diante de Deus e, por isso mesmo, ninguém é salvo – pelo batismo – do pecado e nem da ira futura.
O que nos justifica, diante de Deus, é exclusivamente a nossa fé em Cristo, sem quaisquer obras de nossa parte e, em conseqüência dessa verdadeira fé, a nossa firme decisão de desenvolvermos a nossa salvação, com temor e tremor (conf. Filipenses 2:12), assumindo o compromisso de buscarmos, em Cristo, a nossa lavagem pela água, que é a palavra de Cristo (conf. Efésios 5:26), para a nossa santificação, e a nossa plenitude do Espírito Santo (conf. Efésios 5:18-21), para a nossa real transformação em novas criaturas.
Qualquer coisa porventura adicionada à nossa fé em Jesus Cristo, como sendo uma condição para a nossa justificação, seria o mesmo que dizermos que a morte de Jesus na cruz do calvário não foi suficiente para comprar a nossa justificação e seria – portanto – uma flagrante heresia e uma falsa doutrina.
Por isso mesmo o apóstolo Pedro fez questão de acrescentar “por meio da ressurreição de Jesus Cristo” no trecho da carta que foi citado aqui.
O batismo nas águas é meramente um primeiro passo.

2) O Batismo em Cristo

Em sua terceira viagem missionária, a apóstolo Paulo visita uma pequena comunidade cristã na grande cidade de Éfeso, onde vai encontrar crentes que simplesmente desconheciam o Espírito Santo: ali não havia fogo pentecostal, não havia unção e nem tampouco uma efetiva busca dos discípulos pela santificação.
Tudo que Paulo viu, ouviu e sentiu ali, resumiu-se a presenciar um pequeno grupinho religioso e nada mais.
Esse fato é narrado em Atos 19:1-7 e podemos perceber nitidamente que Paulo sentiu que ali a obra da Igreja estava incompleta, pois tudo que lá havia era uma dúzia de crentes, sem unção, sem santidade, sentados à beira do caminho esperando algo acontecer: situação essa até hoje encontrada, cada vez mais freqüentemente, em nosso cenário eclesiástico, onde presenciamos crentes pulando de igreja em igreja, como abelhas voando de flor em flor buscando por néctar, mas encontrando apenas figueiras secas, que não dão frutos.
Rapidamente Paulo descobre que aquelas pessoas já haviam recebido o batismo nas águas, mas que haviam parado nisso, achando que não havia mais nada além daquilo, e caíram no marasmo espiritual do quietismo, que jamais os levaria a tomar posse de suas heranças como filhos de Deus.
Assim que a origem do problema é esclarecida, Paulo imediatamente começa a ministrar-lhes a palavra viva e eficaz de Jesus Cristo, a palavra que lava e purifica o crente como uma água viva ou ainda como a chama que purifica o ouro eliminando a escória, mas que para os filhos da perdição queima como o fogo de uma fornalha, algo magnificamente pré figurado no episódio dos jovens lançados na fornalha ardente, no Livro de Daniel (Dn 3) e que, por isso mesmo, João Batista chama de batismo com fogo, associando-o ao ato de queimar a palha removida do trigo, em Mateus 3:11-12.
Então, ato contínuo, aqueles que ouviram, agora recebem o batismo em Cristo:
“Quando ouviram isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus” (Atos 19:5).
Fato idêntico vemos ocorrer com a pequena comunidade cristã liderada pelo centurião romano Cornélio, em Atos 10, quando recebem o batismo em Cristo, logo seguido pelo batismo no Espírito Santo, ao ouvirem a ministração da palavra de Cristo por intermédio de Pedro, sendo que, a seguir recebem o batismo nas águas.
Em ambos os casos vemos os crentes receberem o terceiro batismo, que é o batismo no Espírito Santo, logo após receberem o batismo em Cristo, e sobre isso falaremos logo a seguir.
Eu gostaria agora de chamar a atenção para essa palavra que é ministrada no momento que antecede ao batismo em Cristo. Essa não é uma palavra qualquer, pois trata-se da palavra conhecida como “Rhema”.
A correta conceituação da palavra rhema é de vital importância para tudo aquilo que estamos expondo e é fundamental para a nossa caminhada espiritual que nos conduzirá até o Reino.
Nós já sabemos que todo o Novo Testamento foi escrito originalmente em grego. Pois bem, nesse idioma existem duas expressões diferentes para expressar “palavra”: uma delas é “logos” e outra é “rhema”.
Logos identifica a palavra de Cristo dita e escrita, é a letra e o conhecimento natural do que diz a Bíblia, pois a Bíblia é, em sua totalidade, a palavra logos de Deus, ou seja, é tudo aquilo que Deus já falou aos homens, sendo assim uma revelação escrita da vontade de Deus e do plano de Deus para a humanidade.
Cada crente  deve ler, meditar e até mesmo decorar a palavra logos, pois ali vamos encontrar conforto, esperança, instruções e regras de vida.
Agora, rhema é algo bem diferente. Rhema é a palavra viva e eficaz de Cristo. Rhema é a palavra que Jesus Cristo fala ao vivo, por meio do Espírito Santo, através de um pregador cheio do Espírito Santo ou mesmo diretamente, sem intermediários, e que vai direto ao nosso coração, à nossa alma, e que ali vai lavar, vai santificar, como santo é o Verbo de Deus.
A rhema é como um gigantesco balde d’água pura e cristalina, lançada em nosso templo interior, lavando-o, purificando-o e preparando-o para receber a presença do Espírito Santo.
Um excelente exemplo bíblico da rhema ocorre quando Maria recebe a anunciação através do arcanjo Gabriel, que lhe traz uma revelação pessoal daquilo que Deus tinha planejado especificamente para ela, ou seja, não era uma palavra logos para todos, mas sim uma palavra pessoal para Maria, que dessa forma pode dizer: “Faça-se em mim, conforme a sua palavra (rhema)”.
Logos e rhema de Deus estão fortemente ligados entre si, pois o logos é a base para que se receba o rhema de Deus: nós precisamos nos encher do logos de Deus sempre, todos os dias, lendo e meditando a palavra logos de Cristo, registrada nos Evangelhos, para que estejamos sempre preparados para receber a rhema. É a rhema que vai nos batizar em Cristo, é na rhema que mergulhamos como num batismo realmente e que vai manter limpo o nosso templo espiritual interior, deixando-o sempre pronto para nos enchermos do Espírito Santo.
Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Ele próprio, nos deixou a regra para logos e rhema:
1. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra [logos] (João 14:23).
a. Onde a palavra grega que foi usada para “guardar” é tereô, que tem o sentido de observar, tomar conta, preservar no estado em que está, e que aqui tem o sentido de zelo em seguir, em meditar sobre, em manter dentro de si como algo intacto e preservado, pois é santo.
b. De tudo isto, vem a nossa forte recomendação em praticar-se a meditação bíblica diariamente, como um exercício.
2. “As palavras [rhema] que Eu vos digo, são espírito e vida (João 6:63).
a. Onde fica claro que rhema é a palavra viva que Jesus fala ao nosso coração diretamente.

Em sua Primeira Carta (1 João 5:6) o apóstolo João afirma que Cristo veio não apenas com água, mas com água e com sangue e o Espírito Santo é quem dá o testemunho.
Assim portanto, o Batismo em Cristo nos associa à remissão dos pecados por intermédio do sangue de Jesus, conforme 1 João 1:7, e nos santifica mediante a “imersão” na água viva da Palavra de Cristo, conforme Efésios 5:26, e o Espírito Santo é quem dá testemunho dessa redenção e dessa santificação ao Pai e nos sela com o selo do Espírito por intermédio do Batismo no Espírito Santo.

3) O Batismo no Espírito Santo

Em ambos os episódios bíblicos do batismo em Cristo, aqui mencionados, vimos crentes que, logo após receberem a ministração da palavra rhema de Cristo, pela boca do pregador cheio do Espírito Santo, como um verdadeiro “batismo em águas vivas”, imediatamente começarem a orar em línguas estranhas e a manifestarem diversos dons do Espírito, revelando-se claramente o batismo no Espírito Santo.
Os ensinamentos de Jesus Cristo e os episódios descritos no Livro de Atos mostram que não é possível falar-se do batismo em Cristo de uma forma dissociada do batismo no Espírito Santo, pois ambos estão intimamente associados entre si na medida em que, após sermos batizados na água viva da palavra rhema, o nosso templo interior fica limpo e pronto para receber a presença do Espírito Santo, conforme Efésios 5:26 e João 15:3.
Em Mateus 12:43-45, vemos Jesus Cristo explicar isso, comparando com o exemplo de uma casa limpa após dela ter sido expulso o espírito imundo. Se a casa se mantiver desocupada, o espírito imundo volta e ainda traz outros piores com ele. Por isso mesmo, logo após o batismo em Cristo, cuja palavra rhema expulsa os espíritos imundos, vem o batismo no Espírito Santo, que passa a ser o novo habitante da casa limpa.
Todo aquele que recebe o batismo em Cristo e o batismo no Espírito Santo, está agora apto a promover a sua santificação, através da água das palavras logos e rhema de Cristo, e a buscar a sua efetiva transformação pela plenitude do Espírito Santo, tornando-se assim apto a receber a sua herança como filho de Deus e, naturalmente, como uma conseqüência dessa nova posição espiritual, envergar o manto de justiça, não como um meio de obter a salvação (o que já vimos que seria inútil), mas sim como uma natural conseqüência de sua fé viva e atuante, em obediência ao mandamento de Cristo para a Igreja, pois a nova criatura, o verdadeiro filho de Deus, simplesmente não conseguiria deixar de exercer as obras de justiça dos santos, referenciadas por Cristo, pois elas se tornam agora parte integrante de seu estilo de vida, como manifestação do amor ágape que agora arde como brasas de fogo sobre a sua cabeça (Veja Romanos 12:20).
Em resumo, portanto, a adoção é um ato de Deus, por intermédio do qual nos tornamos realmente membros de Sua família, revestidos das vestes de salvação e do manto de justiça, e assim ganhamos o direito de entrar no salão do reino e ainda de ali permanecer, para todo o sempre, no convívio dos eleitos, como filhos de Deus.
A adoção é um conceito fundamental para o evangelho do reino, enquanto a regeneração e a justificação pela fé são essenciais para o evangelho da graça, sendo que todos os três são facilmente encontrados em qualquer obra de Teologia.
Na regeneração nos tornamos espiritualmente vivos, capazes de nos dirigirmos a Deus em oração e em adoração, além de nos capacitarmos para ouvir a palavra rhema de Cristo diretamente em nosso coração.
Na justificação, que é um ato forense de Deus, por nós, recebemos as vestes de salvação e o direito de estarmos na presença de Deus.
Na adoção, que é ato de amor de Deus, em nós, recebemos o manto de justiça e nos tornamos efetivamente filhos de Deus, recebendo agora o direito de permanecer na presença de Deus, para toda a eternidade.
E quais serão – afinal - os atos de justiça que Cristo irá buscar em cada um de nós naquele dia? A resposta está claramente expressa em Mateus 25:31-46. Que cada um de nós leia atentamente e examine como tem sido a sua peregrinação pelo apertado caminho que conduz à salvação!

Passemos finalmente à aparentemente intrigante questão do batismo de Cristo nas águas do Rio Jordão.


O Batismo de Cristo, nas águas.

Realmente muitas pessoas têm me perguntado por que Cristo teve de ser batizado por João, nas águas do Rio Jordão, já que não haveria motivo para um batismo de arrependimento e remissão para o próprio Cordeiro de Deus, nascido filho unigênito, livre do pecado original e crescido em santidade e obediência ao Altíssimo.
Na verdade a questão reside justamente no fato das pessoas insistirem em associar o batismo de Cristo a um simples batismo de arrependimento e remissão, uma vez que, na verdade, a motivação para esse batismo foi outra muito distinta daquela.
Para entendermos melhor essa questão vamos ao Antigo Testamento relembrar a consagração sacerdotal de Arão.
O caráter representativo do sumo-sacerdote deve ser salientado. Adão era o representante do homem. Quando ele pecou, pecou o mundo, e a morte passou a todos os homens. Romanos 5:12,17, 19: “Pela ofensa de um só, a morte reinou”; “pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores”.

Semelhantemente, Cristo, sendo o segundo homem e o último Adão, era o representante do homem. “Está também escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente: o último Adão em espírito vivificante”. “O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu”. 1 Coríntios 15:45 e 47. “Assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para  condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação devida”. Romanos 5:18. “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justo”. Rom. 5:19. “Porque assim como todos morrem em Adão, assim também serão vivificados em Cristo”. 1 Coríntios 15:22.

Sendo o sumo-sacerdote, em sentido especial, uma figura de Cristo, era também o representante do homem. Ele figurava por todo o Israel.

Levava-lhes as cargas e os pecados. Levava a iniqüidade de todas as coisas santas. Levava-lhes o juízo. Quando ele pecava, Israel pecava. Quando fazia expiação por si mesmo, Israel era aceito.

A consagração de Arão e seus filhos o sacerdócio foi uma ocasião muito solene. O primeiro ato, era um banho. “Então fará chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação, e os lavarás com água”. Êxodo. 29:4. Os sacerdotes não se lavavam a si mesmos. Sendo um ato simbólico, figura da regeneração, não se podia lavar a si mesmo. Tito 3:5.

Estando lavado, Arão era então revestido de seus trajes de beleza e de glória. “Depois tomarás os vestidos, e vestiras a Arão da túnica e do manto do éfode, e do éfode mesmo, e do peitoral e do peitoral: e o cingirás com o cinto de obra de artífice do éfode. E a mitra porás sobre a sua cabeça: a coroa da santidade porás sobre a mitra”. Êxodo 29: 5 e 6. Notai outra vez que Arão não se vestiu a si mesmo daqueles trajes. Foram-lhe vestidos. Como eram simbólicos das vestes da justiça, ele não se podia vestir a si mesmo. “Vistam-se os Teus sacerdotes de justiça, e alegra-te os Teus santos”. Sal. 132:9. “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus: porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto justiça, como o noivo que se adorna de atavios, como a noiva que se enfeita com as suas jóias”. Isaias 61:10.

Arão está agora pronto. Tem por baixo a túnica branca, o  longo manto azul, com campainhas e romãs, o éfode com as duas belas pedras sardônicas com os nomes dos filhos de Israel nelas gravados, o peitoral com as doze pedras e Urim e Tumim, a mitra e a coroa de ouro com a inscrição: “Santidade ao Senhor”. Está lavado, limpo, vestido; todavia ainda não está pronto para oficiar. Vem em seguida a unção. O óleo santo é lhe derramado sobre a cabeça por Moisés. “E tomarás o azeite da unção, e o derramarás sobre a sua cabeça: assim o ungirás”. Êxodo 29:7. Não somente Arão é ungido, mas também o tabernáculo. “Então Moisés tomou o azeite da unção, e ungiu o tabernáculo, e ungiu o altar e todos os seus vasos, como também a pia e a sua base, para santifica-los”. Levitico 8:10 e 11. Essa unção incluía toda a mobília, tanto do santo como do santíssimo. Êxodo 30:26-29.

É de notar, que, enquanto o tabernáculo e o que nele se achavam eram aspergido com óleo, sobre Arão foi o mesmo derramado. Levitico 8:10 a 12; Êxodo 29:7.

A unção com óleo é um símbolo do dom do espírito de Deus. I Samuel 10:1 e 6; 16:13; Isaías. 61:1; Lucas 4:18; Atos 10:38. A profusão de azeite usado no caso de Arão – ele “desse sobre a barba, a barba de Arão”, “desce a orla dos seus vestidos” – é simbólica da plenitude do espírito que Deus concede à igreja.

Um outro importantíssimo detalhe a ser buscado nos preceitos para o sacerdócio levítico é o da maioridade sacerdotal, conforme se lê em vários pontos de Números 4, ninguém poderia ser ordenado sacerdote em Israel antes de ser atingida a idade de 30 anos.

Hoje o culto no tabernáculo terrestre não existe mais, agora o templo é espiritual interior e está dentro de cada um de nós.
Quem oficia o culto em nosso templo interior é Jesus Cristo, feito agora Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque.

O Senhor Jesus Cristo aguardou pacientemente até que atingisse a idade de trinta anos, quando então veio à presença de João - que ali personificava a figura do profeta Elias, conforme o próprio Senhor esclarece em Mateus 17:13 - para receber o banho sacerdotal e a unção com o óleo do Espírito Santo, apresentado a todos na forma da pomba.
Naquele momento único e glorioso, Jesus Cristo foi entronizado para todo o sempre como Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque e tem início o Seu ministério: aí está a real finalidade do batismo de Cristo e o motivo pelo qual Ele declara a João:

“Deixa, por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça” (Mateus 3:15)



sábado, 26 de abril de 2014

O ESCANDALOSO EVANGELHO DE JESUS CRISTO

O ESCANDALOSO EVANGELHO DE JESUS CRISTO

Porque, qualquer que de mim e das minhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
(Lucas 9:26)
Enquanto Jesus Cristo caminhava pelas estradas poeirentas de Israel, curando enfermidades de todo tipo, expulsando demônios e multiplicando pães e peixes, a multidão o seguia por toda parte e isso o Evangelho de Mateus, e seus sinóticos, são particularmente eficazes em mostrar com riqueza de detalhes. Porém, quando o Senhor começou a tratar de forma mais clara e direta da nossa vida eterna e de nossa salvação como resultado, não de uma simples crença religiosa, mas sim de uma verdadeira fé, viva e atuante, que nos conduza a uma real comunhão com a carne e o sangue do Cristo, então todos se escandalizaram e se retiraram.
Enquanto o Evangelho de Mateus trata da salvação como resultado da nossa perseverança em Cristo (Mateus 10:22, 24:13), o Evangelho de João (João 6:22-59) nos mostra um outro aspecto do Evangelho de Jesus Cristo, um aspecto infinitamente mais importante, porquanto trata diretamente da nossa vida eterna e de nossa salvação como resultados de uma fé viva. Nessa fé viva retratada por João, nós efetivamente buscamos comunhão plena com Cristo, a tal ponto que o Senhor compara isso a bebermos o seu sangue e nos alimentarmos de sua carne, da mesma forma como os hebreus no deserto se alimentaram do maná celestial.
Em João 6:27-29 Jesus começa o seu discurso sobre salvação da mesma forma como o vemos desenvolvido no Evangelho de Mateus, ou seja: a salvação é um estado a ser conquistado e trabalhado em cada um de nós e esse trabalho consiste em lograrmos atingir uma fé viva e atuante, não apenas um simples “acreditar”, mas sim verdadeiramente experimentarmos um “estar em Cristo”.
O Senhor Jesus prossegue discorrendo sobre o que precisamos fazer para verdadeiramente conquistarmos essa fé viva e finalmente experimentarmos o que seja o “estar em Cristo” e quando as pessoas o ouvem dizer que dEle precisamos nos alimentar como se fosse uma comida e seu sangue precisamos beber como se fosse uma bebida, então todos se escandalizam e até mesmo muitos de seus discípulos se afastam.
Mas, em verdade, tal é a essência do Evangelho do Reino: O Pai não nos aceitará para permanecermos consigo no Reino, por toda a eternidade, se não tomarmos posse de nossa herança de filhos e não buscarmos verdadeiramente nos tornarmos imagem e semelhança do Filho.
Enquanto não entendermos que existe não apenas um, mas sim dois Evangelhos em ação em nossa reconciliação com o Pai e em nossa entrada no Reino dos Céus, jamais teremos conhecido e experimentado realmente a verdade que liberta e que nos permite não apenas vermos o Reino de Deus mas também ali permanecermos por toda a eternidade.
Todo o Antigo Testamento foi um anúncio, uma mera sombra do que estava por vir na pessoa de Jesus Cristo e da Nova Aliança por ele inaugurada. Tudo que se lê nos livros do Antigo Testamento é uma forma de anunciar o Evangelho e aqui eu gostaria de chamar atenção para a escandalosa história de Esaú e Jacó, retratada no Livro do Gênesis em dois trechos particulares muito importantes: Gênesis 25: 27-34 e Gênesis 27:1-29.
Esaú e Jacó eram gêmeos, filhos de Isaque e Rebeca, porém Esaú detinha o direito natural à primogenitura, porquanto foi o primeiro a ser retirado do ventre da outrora estéril Rebeca. Mas em Gênesis 25:27-34 vemos o ardiloso Jacó conquistar o direito á herança de Isaque, convencendo Esaú a cedê-lo mediante a troca por um prato de lentilhas, ou seja, praticamente de graça.
Mas esse primeiro ardil de Jacó ainda não lhe garantiu a herança, mas tão somente lhe concedeu o direito a comparecer diante do pai e recebê-la, coisa essa mais difícil pois diante do pai Isaque o astuto Jacó precisaria apresentar as mesmas obras, ter a mesma aparência e exalar o mesmo cheiro do filho Esaú. É essa segunda trama que vemos desenvolver-se no segundo trecho citado - Gênesis 27:1-29 - quando Jacó se apresenta diante do moribundo Isaque vestido como o filho Esaú, coberto de pelos tal como o filho Esaú e trazendo ao pai o mesmo tipo de comida preparada pelo filho Esaú.
Diante de do pai se apresentou alguém que, não apenas traz consigo o direito à herança do filho, mas que também se assemelha ao filho e faz as mesmas obras do filho. Essa é a primeira grande paridade entre o caso de Esaú e Jacó e o Evangelho de Jesus Cristo. O ardil de Jacó é - sem dúvida alguma - escandaloso, pois envolve uma ardilosa trama necessária para a concessão do direito à primogenitura em troca de praticamente nada e, além disso, vai envolver ainda uma outra trama necessária para convencer o velho pai de que, aquele que ali se apresentou era verdadeiramente o seu primogênito por direito de sangue e não um mero concessionário de direito adquirido às custas de um prato de lentilhas. Assim como o processo de obtenção da herança de filho por Jacó é dividido em duas etapas bem claras e distintas - obtenção do direito à primogenitura e posse da herança de filho - da mesma forma é dividido em duas etapas muito bem definidas o Evangelho de Jesus Cristo: primeiro o Evangelho da Graça e a nossa justificação gratuita diante do Pai e depois o Evangelho do Reino como o processo que nos conduz à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, á semelhança de Cristo Jesus, tal como explica Paulo em Efésios 4:13.
Uma outra espetacular paridade com o nosso processo de justificação e salvação é que na primeira etapa tudo se dá por conta do próprio Jacó sem a intervenção de ninguém: é o próprio Jacó que vai cozinhar o prato de lentilhas e que vai propor a Esaú a troca e assim é o nosso próprio processo de justificação pela fé: é algo pessoal e exclusivo de cada um, pois ninguém pode crer por nós, ninguém pode nos justificar diante de Deus a não ser a nossa própria fé como algo individual e tão gratuito como praticamente gratuita foi a concessão obtida mediante um simples prato de lentilhas. Já na segunda etapa, mais complexa e elaborada, o trabalho todo fica por conta da mãe Rebeca: é ela quem prepara o guisado de caça para o pai Isaque, é ela quem veste o filho Jacó e o cobre com as peles do outro filho Esaú. Aqui a mãe Rebeca personifica a Igreja, à qual cabe a missão de conduzir cada crente durante todo o processo do Evangelho do Reino, levando cada um de nós à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à estatura de varões e varoas perfeitos em Cristo Jesus, tal como aconteceu com Jacó diante de Isaque.
Jacó veio a tornar-se Israel, o primogênito da nação alicerçada sobre uma escandalosa base construída não sobre um direito de sangue, mas sim sobre um direito adquirido e conquistado. Jacó é, por esse fato, o paradigma do cristão, o modelo a ser seguido por todos os que crêem em Jesus Cristo e que pretendem ser admitidos no Reino dos Céus como verdadeiros filhos e filhas de Deus.
É dessa escandalosa forma de adentrarmos ao Reino de Deus que Jesus Cristo fala ao dizer as seguintes palavras que intrigaram os discípulos e que ainda hoje causam muita polêmica: Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. (Mateus 11:12)
É por esse motivo, lembrando esse afastamento daqueles ainda fracos na fé, que Paulo assim declarou na Carta aos Romanos: “Não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Romanos 1:16)
Paulo, na carne, tinha razões para se envergonhar do Evangelho que pregava, porque contradizia tudo o que se cria ser verdadeiro e sagrado entre os seus contemporâneos, como algo que realmente pudesse religar os homens a Deus, daí a palavra “religião” do latim religare.
Para os judeus, o Evangelho era algo escandaloso porque reivindicava que o homem Jesus de Nazaré que morreu amaldiçoado na cruz do Calvário era o Messias, o próprio Enviado de Deus e que esse Jesus, Messias de Deus, refutava todo o sistema religioso judaico à luz de uma promessa de salvação baseada agora não mais em liturgias e sacrifícios inúteis, mas sim em fé e amor.
De nada valem ritos e sangue de vítimas se não bebermos o Sangue de Cristo como uma bebida e não ingerirmos a Carne de Cristo como um alimento, ou seja, ritos e sacrifícios vãos jamais farão de nós imagem e semelhança do Filho e jamais serão uma forma de nos trazer vida eterna no convívio do Pai.
O apóstolo Paulo sabia que quando abrisse a boca para pregar o Evangelho do Reino, seria completamente rejeitado e ridicularizado pelos judeus religiosos daquela época, pois toda a sua mensagem contrariava o sistema religioso estabelecido no judaísmo.
Os séculos se passaram e o cristianismo foi - pouco a pouco - se tornando mais um sistema religioso como os demais. As figuras do templo, do sacerdote e do culto retomaram os seus lugares e a igreja deixou de ser um estado de espírito para tornar-se novamente uma simples sinagoga cristã.
O modelo inicial, estruturado numa base de fé, amor e comunhão em Cristo, foi substituído por outro “menos escandaloso” e mais digerível por homens mais interessados em poder e riquezas do que na vida eterna e daí surge uma conveniente  “falsa ortodoxia” que atrai e seduz a multidão com uma falsa promessa de salvação baseada numa simples “crença religiosa” sem compromissos com santificação e com uma verdadeira transformação em novas criaturas.
Precisamos retomar o “escândalo de Cristo” como um caminho de vida espiritual, precisamos aprender a lição de Jacó, como o crente que busca não apenas obter o seu direito à herança de filho de Deus, mas que também vai buscar fazer as obras do Filho e se parecer com o Filho para verdadeiramente tomar posse da herança de Filho e permanecer para todo o sempre com o Pai.
Mas de nada adianta buscarmos ser como Jacó se não conseguirmos a mãe Rebeca que nos ajude a fazer as obras do Filho e nos vista como o Filho. Precisamos lutar por uma grande revolução na Igreja, uma revolução que busque o modelo original, uma revolução que resgate a igreja do primeiro amor, livre de doutrinas humanas, livre de falsas ortodoxias e - principalmente - livre de todo e qualquer sistema religioso baseado no velho trio <sacerdote; culto; templo>.
Vivemos há muito tempo numa era de trevas para a Igreja, e a razão disso acontecer é  resultado da ação do homem sobre os fundamentos da Igreja original, concebida a partir de Jesus Cristo e de nada mais. O homem natural é uma criatura decaída, moralmente corrupto e obstinado no seu auto-governo. Odeia a Deus porque Ele é Justo, e odeia as Suas leis porque censuram e restringem a sua maldade. Ele odeia a verdade porque revela o que ele realmente é. Ele quase acaba com o que ainda permanece na sua consciência. Portanto, o homem decaído busca empurrar a verdade – especialmente a verdade sobre Deus – para o mais longe possível, porque não lhe é conveniente e a substitui por concepções totalmente baseadas em princípios religiosos.
O verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo é um escândalo para o homem e para a sua cultura, porque faz a única coisa que ele mais quer evitar – desperta-o do seu auto-imposto “sono” para a realidade da sua situação decaída, da sua rebelião; chama-o à rejeição da sua autonomia e à submissão a Deus, através do arrependimento e fé em Jesus Cristo, não uma “fé religiosa” baseada numa simples crença e num conjunto de ritos (culto) celebrados por um sacerdote (pastor, padre, bispo, apóstolo...) num templo (igreja como um edifício sagrado e não como um templo espiritual interior), mas sim uma fé viva, uma fé que se manifesta em atos de justiça do homem espiritual, transformado pela presença do Espírito Santo em seu templo interior.
Nós vivemos numa era de pluralismo religioso – um sistema de crenças que põe fim à verdade, declarando que tudo é verdade, especialmente no que diz respeito à religião e isso inclui o próprio sistema religioso baseado no cristianismo. Pode ser difícil para o cristão contemporâneo entender isso, mas os cristãos que viveram no período retratado no Livro dos Atos dos Apóstolos foram rotulados e perseguidos como “gente sem religião”. A cultura que os envolvia naquela época era extremamente religiosa e o mundo estava cheio de templos, de ritos e de imagens de deuses, a religião era um negócio crescente. Os homens não só toleravam os deuses uns dos outros, como também os trocavam e partilhavam. O mundo religioso ia muito bem até chegarem os cristãos e declararem que “deuses feitos com as mãos não são deuses.” Eles negaram aos Césares as honras que eles exigiam, recusaram dobrar os joelhos aos outros ditos “deuses”, e confessaram Jesus apenas como Senhor de tudo, um Senhor que se manifestava não em templos de pedra, mas sim em nosso templo espiritual interior, sem sacerdotes porque Ele mesmo é o Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque, sem cultos porque o verdadeiro culto é racional e se processa em nosso templo interior.
Um tal escandaloso Evangelho, se praticado em nível global, colocaria em risco todo esse imenso sistema de poder religioso e comprometeria verdadeiros impérios econômicos que foram e continuam sendo mantidos por multidões que buscam a religião, não por amor a Deus, mas sim para satisfazer suas necessidades humanas básicas, da mesma forma que a multidão buscava ao Cristo que multiplicava os pães e curava os enfermos.
A História da Igreja nos mostra inequivocamente que, diante de tal ameaça, homens poderosos buscaram corromper os responsáveis pela manutenção da Igreja, nela introduzindo doutrinas estranhas ao Evangelho do Reino e dela fazendo mais um sistema religioso baseado no trio <Sacerdote; Culto; Templo>, um sistema que logo se mostrou ser muito lucrativo e extremamente resistente ao tempo e a outras influências culturais e filosóficas, tanto que permanece praticamente o mesmo desde o momento em que foi colocado em operação pelo imperador romano Constantino no século IV, mantendo-se praticamente inalterado em suas bases de “falsa ortodoxia” mesmo após a Reforma de Lutero e após a introdução do neopentecostalismo atual.
Assim, este mesmo cenário abunda no nosso mundo hoje em dia, quando vemos em ação uma falsa igreja que, muito longe ser a “mãe Rebeca”, é muito mais uma terrível vampira travestida de sacerdotisa de mistérios, que se alimenta do sangue de Jacó ao invés de conduzi-lo à casa do Pai, com as obras do Filho e as vestes do Filho. Não há mais escândalo algum, tudo é atenuado, tudo é amenizado por conta de uma “falsa ortodoxia” que leva as pessoas a crerem que podem ser salvas pelo simples fato de um dia terem feito uma oração e terem mergulhado numa piscina cheia de água.
A humanidade tem lutado para expurgar Deus da sua consciência e da sua cultura, isolando-O em compartimentos sagrados com todo o zelo de um religioso fanático e fez de si própria o centro, a medida e o fim de todas as coisas. Louva o seu mérito inato, exige honra à sua auto-estima e promove a sua auto-satisfação e auto-realização como o maior bem. Justifica a sua consciência culpada com os resquícios de uma antiquada religião de culpa e perdão, sem busca pela superação e cultivando idéias absurdas tais como aquela que admite a possibilidade do cristão carnal. Por este motivo, o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo é um escândalo para o homem religioso decaído, pois expõe a sua ilusão acerca de si mesmo e convence-o da sua situação decaída e da sua culpa:
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade! (Mateus 7:22-23)
A própria Bíblia reconhece que o Evangelho de Jesus Cristo é uma “pedra de tropeço” e “loucura” para os homens. Entretanto, tentar remover o escândalo da mensagem original, tal como tem sido feito há séculos, é invalidar a necessidade de desenvolvermos a nossa salvação com temor e tremor, pois as pessoas têm sido levadas a crer que Jacó já teria sido adotado como primogênito por Isaque, pelo simples fato de um dia ter convencido Esaú a trocar a sua primogenitura por um prato de lentilhas, sem qualquer necessidade de ser efetivamente reconhecido como tal pelo pai.
Temos que entender, de uma vez por todas, que justificação e adoção não são coisas simultâneas na vida espiritual do crente, pois enquanto apenas precisamos atravessar a porta estreita para obtermos a justificação, a adoção é obtida ao longo de um caminho apertado que temos de trilhar por toda a nossa vida. Quem tiver ouvidos, ouça!
Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de Jerusalém.

(Isaías 8:14)

terça-feira, 15 de abril de 2014

O CÍRCULO VICIOSO DA RELIGIÃO - PARTE 2: ORIGENS DO ALTAR

ORIGEM DO ALTAR E DAS CADEIRAS SOBRE O ALTAR

Se você é, assim como eu, uma pessoa observadora e que se interessa em conhecer a origem das coisas, certamente - pelo menos uma vez em sua vida - já deve ter dado asas à sua imaginação  tentando entender a origem do altar das igrejas e por que sempre existem cadeiras sobre o altar.
Seja nas majestosas catedrais góticas, seja nas igrejas reformadas históricas ou seja ainda naquela pequenina igreja evangélica pentecostal num bairro da periferia, não importa a denominação ou a confissão de fé, ali você certamente encontrará um altar elevado com um púlpito, uma mesa e algumas cadeiras.
Afinal, de onde vem isso?
Se você verdadeiramente começar a pesquisar melhor esse assunto, assim como eu mesmo acabei fazendo, terá uma grande surpresa ao descobrir que essa arquitetura básica do altar é exatamente a mesma em todas as igrejas, sejam elas católicas, ortodoxas, protestantes luteranas, reformadas históricas e até mesmo nas modernas igrejas evangélicas pentecostais e neo pentecostais.
E então, ao aprofundar ainda mais a sua pesquisa, mergulhando fundo no passado histórico da Igreja, irá descobrir algo ainda mais forte e inesperado: uma origem comum completamente pagã, inexplicavelmente preservada intacta ao longo dos séculos e resistindo até mesmo à Reforma de Martinho Lutero!
Mas será que a verdadeira Igreja - originalmente concebida por Jesus Cristo - utilizava a figura do altar em suas celebrações? Teria Jesus Cristo em algum momento mandado os seus discípulos construírem templos e altares?
Na verdade o que vou mostrar aqui é que Jesus jamais ordenou a construção de templos e altares e que tudo isso é, na verdade, uma tenebrosa herança de velhos cultos pagãos da Pérsia e da Babilônia, cuidadosamente preservados até hoje nas igrejas por conta de sombrios interesses mais preocupados em manter as ovelhas reféns de um sistema religioso que não salva ninguém, mas que tem erguido e sustentado verdadeiros impérios econômicos, do que verdadeiramente libertar e conduzir à salvação através do puro e simples evangelho de Jesus Cristo.

A palavra “altar”, originariamente, vem da língua latina: altare. O latim usa também a palavra altarium (no latim clássico: altaria, só no plural). Vem do verbo álere, cujo particípio passado é altus. O verbo álere significa alimentar, nutrir. Mas também significa fazer crescer, desenvolver, animar, fomentar. De onde resultam os substantivos correspondentes: Altare, altarium, altaria, significando originariamente a “parte superior” (o alto, o cimo) de uma mesa ou bloco de pedra, sobre o qual são “oferecidos alimentos” aos deuses. Geralmente são animais aí sacrificados e queimados (assados) para a divindade, em honra dela.
No Antigo Testamento o altar geralmente estava relacionado diretamente aos sacrifícios e a própria palavra hebraica para “altar”, mizbeah, significava exatamente isso: “lugar onde se sacrifica”.
No Tabernáculo de Moisés o Altar era o braseiro onde as vítimas eram sacrificadas e queimadas em holocausto como expiação pelos pecados da congregação.
Porém a figura do Altar não é uma presença exclusiva do antigo culto judaico, pois é uma peça central em praticamente todos os sistemas religiosos baseados no trio <SACERDOTE; CULTO; TEMPLO> do qual tratei no artigo anterior.
Dentre todas essas manifestações religiosas pagãs do Altar, aquela que certamente influenciou definitivamente o sistema religioso que foi construído sobre o cristianismo puro de Cristo, foi o Mitraísmo.
O Mitraísmo foi um sistema religioso pagão, de origem indiana e depois fortemente desenvolvido na Pérsia e mais tarde, entre os séculos 3 e 4 d.C., no próprio império romano, trazido pelos soldados romanos que retornavam de campanhas no Oriente, chegando a se tornar forte concorrente do cristianismo.
Quando idealizou um sistema religioso conveniente aos seus próprios interesses pessoais e políticos, o imperador Constantino concebeu aquilo que viria a ser o protótipo de todo o sistema religioso cristão praticado até os dias de hoje, um sistema que viria a mesclar os ritos e a arquitetura templária do Mitraísmo com uma base conceitual cristã. Esse sistema foi colocado em prática pela primeira vez no século 4, na assim chamada "Igreja do Salvador" (Archibasilica Sanctissimi Salvatoris) a que ainda existe e hoje é conhecida no Vaticano como Basílica de São João de Latrão. Essa Igreja do Salvador foi adaptada a partir do Palácio de Latrão, que antes funcionava como Tribunal de Justiça e ali tornou-se também a residência do Bispo Milcíades que naquela época dirigia a Igreja de Roma e que, por conta do pacto celebrado com Constantino, teve de adaptar a igreja cristã ao sistema religioso de Constantino, em troca do cessar das perseguições aos cristãos.
A partir do modelo original de templo e de culto da Igreja do Salvador, o Imperador Constantino mandou construir muitas outras igrejas similares, inclusive na própria palestina, e todas essas igrejas foram planejadas e construídas como a mescla de um tribunal de justiça romano (Basílica) com elementos do templo de Mitra, incluindo o altar com mesa, púlpito e cadeiras para o sacerdote e seus auxiliares (acólitos).



Essa arquitetura do Altar manteve-se praticamente inalterada até os dias de hoje, resistindo a todas as reformas que surgiram na Igreja e assim se manteve porque nenhum dos reformadores preocupou-se em restabelecer verdadeiramente a pureza e a simplicidade da reunião cristã original, tal como foi ensinada por Jesus Cristo aos seus discípulos e assim foi praticada fielmente até surgir a corrupção e os interesses humanos pessoais falarem mais alto do que a doutrina de Cristo.
Assim as igrejas locais perderam a sua pureza e vieram a se tornar novamente sistemas religiosos baseados no trio <Sacerdote; Culto; Templo> e onde o Altar assume novamente a sua posição central no culto.
Agora o leitor já sabe de onde vem tudo isto, já sabe a origem do altar com seu púlpito e suas cadeiras.
É tempo de procurar pelo verdadeiro Altar em nosso Templo Espiritual Interior e não mais em templos de pedra....É tempo de buscarmos o evangelho puro e simples de Cristo em reuniões sem liturgia, sem templos, sem sacerdotes pois o nosso culto agora é racional, celebrado em nosso Templo Interior, pelo sumo sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque, que é Jesus Cristo nosso Mestre, Senhor e Salvador!




terça-feira, 8 de abril de 2014

A REVOLUÇÃO DE JESUS CRISTO

A REVOLUÇÃO DE JESUS  CRISTO



LEITURAS DE REFERÊNCIA

 

1) João 4:21-24

Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.

Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

2) João 14:6

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.

 

3) Hebreus 9:1-2, 11-12

Ora, também a primeira tinha ordenanças de culto divino, e um santuário (Templo) terrestre. Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o santuário.

Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,

Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.

 

 

INTRODUÇÃO


Aqui estarei tratando da Igreja não como uma instituição religiosa, mas sim como o agente de uma verdadeira revolução desencadeada por Jesus Cristo, uma revolução onde o alvo foi justamente o sistema religioso, demonstrando a sua total inutilidade como meio de reconciliação da espécie humana com Deus e oferecendo a todos o único caminho capaz de nos conduzir à salvação.
À primeira vista pode parecer algo estranho tratar da Igreja como algo totalmente dissociado de religião, entretanto as igrejas locais institucionais não expressam a natureza da verdadeira Igreja espiritual, pois são apenas assembléias ou “congregações de irmãos de fé”, caracterizando assim as chamadas “irmandades” ou “fraternidades”. Quando as observamos sob esta óptica, as igrejas locais, estabelecidas desde fins do século IV até hoje, não diferem muito das sinagogas, das fraternidades místicas e das demais religiões, organizadas em torno de liturgias[1] realizadas em edifícios específicos, também conhecidos como “templos” e sempre sob a direção de algum tipo de “sacerdote”.
Na verdade Jesus Cristo veio justamente romper com esse sistema religioso estruturado no trio <sacerdote; culto; templo>, trazendo ao mundo uma solução definitiva e única de reconciliação da espécie humana com o Pai, através da nossa redenção por intermédio do Filho, ao mesmo tempo sumo sacerdote e vítima, num culto espiritual, agora não mais realizado em templos de pedra exteriores, mas sim em nosso templo espiritual interior. A Carta aos Hebreus, mencionada na relação das Leituras de Referência, trata desse tema com clareza tão esplêndida e tamanha riqueza de detalhes que, tivessem nela prestado mais atenção os responsáveis pela condução da Igreja no mundo, jamais teríamos chegado ao lamentável estado em que nos encontramos hoje.
Se nós pudéssemos voltar no tempo, até a época retratada no Livro dos Atos dos Apóstolos, e perguntássemos a um cristão onde ficava a sua igreja, ou ainda qual era a sua igreja, ele certamente ficaria confuso e não saberia exatamente o que nos responder. Para os primeiros cristãos, a igreja era muito mais um estado de espírito do que um lugar. Ali o conceito original ainda estava puro, intacto e preservado da contaminação pelos velhos sistemas religiosos baseados no trio <sacerdote; culto; templo>.
Aqui estarei tratando dessa estupenda revolução de Cristo e como devemos enxergar e fazer Igreja sob a ótica de tal revolução.

FALANDO DE SACERDOTES, TEMPLOS E CULTOS


Para entendermos melhor o que foi essa maravilhosa revolução de Jesus Cristo e como ela interfere em nossa forma de tratar a Igreja, vamos falar sobre os três alvos dessa revolução: o sacerdote, o templo e o culto religioso.


O templo

O Templo é um conceito associado a um lugar santo, ou seja; um espaço ou lugar de Teofania, ou seja, lugar de manifestação da divindade. Este princípio nasce da delimitação de fronteiras, pois a divindade não se manifesta em todos os lugares, ou em qualquer lugar.
O espaço sagrado, como explica o próprio nome, não é um espaço comum, natural, igual aos demais, ou seja: é um espaço diferenciado e separado dos demais.
O conceito do templo, ou espaço sagrado, não é algo natural do cristianismo e isso fica bem claro na declaração que o Senhor Jesus Cristo faz à mulher samaritana, à beira do poço de Jacó, e que consta da Leitura de Referência (João 4:21-24). Na verdade é um conceito encontrado em todos os sistemas religiosos do mundo, e que  acabou sendo incorporado ao contexto cristão como uma herança da religião judaica e dos sistemas religiosos romanos e babilônicos. Imagine qualquer uma das grandes religiões da humanidade e encontrará expressões do tipo: “O Templo é a Casa de Deus” ou ainda “O Templo é o lugar onde os deuses habitam ou se manifestam aos homens” e assim por diante. Quando ouvimos coisas desse tipo no meio cristão, na verdade o que nos está sendo passado é exatamente a noção de espaço sagrado, retirada da tradição judaica aonde era representado inicialmente pelo Tabernáculo de Moisés no deserto, pelo Templo de Jerusalém e depois pelas sinagogas rumo à igreja católica e  depois à protestante, chegando até as igrejas evangélicas de hoje praticamente sem qualquer modificação, a não ser pela retirada das imagens e pela simplificação do altar.
Na leitura de João 4: 21-24, a mulher samaritana, representa o velho sistema religioso e por isso a vemos mencionar dois espaços sagrados: o monte Gerizim dos samaritanos e o Templo de Jerusalém dos judeus. Em seu discurso profundo e maravilhoso Jesus recusa esses dois lugares físicos e agora transfere o espaço sagrado para dentro do ser humano: o verdadeiro templo da Igreja é um templo espiritual que reside dentro de cada um de nós. É nesse Templo Interior que nos tornamos verdadeiros adoradores em Espírito e em Verdade.
A arquitetura e as funções do Templo, mais exatamente o Tabernáculo de Moisés, sucintamente descritas na leitura referenciada de Hebreus 9, são preservadas nessa revolucionária transferência para o interior do ser humano e, da mesma forma como existia um culto celebrado nesse Templo físico e exterior, assim também passa a existir um culto em espírito e em verdade em nosso Templo espiritual e interior.
Cabe à verdadeira Igreja conduzir cada crente através desse culto racional que nos transforma verdadeiramente em novas criaturas, pela renovação do nosso entendimento, tal como explica Paulo na Carta aos Romanos[2].

O culto
Enquanto o templo nos fala de espaço sagrado, o culto corresponde ao tempo sagrado consumido no templo. Todo culto é um determinado tempo separado durante o dia, durante a semana, ou ainda durante épocas ou datas especiais do ano, para que nesse sagrado intervalo seja executada uma liturgia, ou seja, um conjunto especifico e repetitivo de atividades rituais consideradas sagradas que visam, essencialmente, a divindade ali cultuada.
Todo culto, ou serviço no templo, é histórica e mundialmente reconhecido como um tipo de alimentação da divindade, pois a entidade cultuada necessita ser bajulada, reverenciada, exaltada com oferendas que à ela são oferecidas. É um tempo específico e delimitado, dedicado à divindade.
As oferendas nos cultos são de dois tipos: materiais e subjetivas. Na antiga aliança judaica, as oferendas materiais são essencialmente os sacrifícios,  os holocaustos e as ofertas alçadas.
O Senhor Jesus Cristo - como mediador da Nova Aliança - rejeitou e anulou completamente toda essa vasta liturgia física vigente na antiga aliança, não para anulá-la, mas sim para cumpri-la à perfeição, não através de um culto físico mas sim por intermédio de um culto espiritual agora celebrado em nosso templo espiritual interior.
Na estupenda declaração de João 14:6, Jesus sintetiza tudo isso em uma única frase que para a civilização ocidental de hoje pode passar despercebida em seu real significado, mas que para os judeus daquele tempo certamente teve um forte impacto. Para os religiosos daquela época, em Israel, as palavras Caminho, Verdade e Vida tinham um significado especial e poderoso pois eram os nomes com os quais as pessoas costumavam se referir à Porta que dava acesso ao Templo (Caminho), à pesada cortina que dava acesso ao Lugar Santo (Verdade) e finalmente ao véu que separava o Santo dos Santos escondendo a Arca da Aliança (Vida).
O culto no velho templo físico e exterior deixou de ter sentido quando Cristo morreu na cruz e cumpriu plenamente aquilo para o qual foi enviado pelo Pai. Esse momento é claramente demarcado no tempo pelo instante em que o Véu do Templo se rompe de alto a baixo.
Assim como o lugar sagrado foi agora transferido para o interior do ser humano, também o tempo sagrado agora é transferido para o nosso templo espiritual interior. O culto permaneceu exatamente o mesmo, mudou apenas o lugar sagrado, que agora está dentro de cada um de nós:

¾    Sacrifício no Altar dos Holocaustos: remissão dos pecados através da nossa confissão, arrependimento e pedido de perdão. O Sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado conforme 1 João 1:5-10.
¾    Lavagem na Água da Pia de Bronze: santificação pela Palavra de Jesus Cristo conforme João 15:3 e Efésios 6:26.
¾    Entrada no Lugar Santo: busca pela plenitude do Espírito Santo conforme Efésios 5:18-21.

Jesus Cristo é o sacerdote desse nosso templo espiritual.

O sacerdote
Em todo e qualquer sistema religioso existe a figura do sacerdote. O sacerdote é algo assim como um mediador entre a divindade e os homens, que a ele devem se submeter como autoridade máxima e inquestionável na direção do culto e nos assuntos que dizem respeito à divindade e seu relacionamento com os homens.
Toda religião institucionalmente constituída possui uma autoridade espiritual, alguém que detém o poder dentro dessa comunidade.
A categoria sacerdotal possui vários nomes: Pagé (tribos indígenas), Padre (catolicismo), Pastor (protestantismo), Rabino (Judaísmo).
Toda relação de poder é instituída entre um Superior e um Inferior, esses são os dois pólos distintos produzidos pela hierarquia religiosa.
Jesus Cristo rejeitou e anulou toda e qualquer hierarquia espiritual humana ao declarar o seguinte:
“Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos... Vós, porém, não queirais ser chamados de Mestre, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo”. (Mateus 23: 1-10)
Jesus declarou que existe uma única autoridade espiritual, e que ela não está na terra. As igrejas institucionais invertem essa doutrina de Cristo e afirmam que seus sacerdotes terrestres são autoridades espirituais capazes de intermediar a relação dos crentes com Deus  como verdadeiros “substitutos” de Cristo na terra, daí a conhecida palavra “vigário” que se origina do latim vicarius e que significa exatamente isso: substituto.
Em Jesus esse modelo tem o seu fim. Quando ele diz: e todos vós sois irmãos, está dizendo que todos são iguais, que não existe entre os seres humanos uns superiores e o restante de inferiores. Diante de Deus somos todos iguais.
O verdadeiro pastor das almas é Jesus Cristo, que assim disse de si mesmo: “Eu sou o bom pastor”, conforme João 10:11-14.
O verdadeiro sacerdote também é Jesus Cristo, sumo sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque, conforme Hebreus 5:6-10.
Cada pastor de igreja local é algo assim como alguém que cuida de uma parte das ovelhas do aprisco de Cristo e a Ele pessoalmente prestará contas de cada uma delas no Tribunal de Cristo, conforme Mateus 7:22-23.

FALANDO DE IGREJA

Como foi aqui exposto, a verdadeira Igreja é algo que vai muito além de um sistema religioso orientado a sacerdotes, templos e cultos e sua real e verdadeira missão só é compreendida e cumprida quando aprendemos a transcender esses limites e buscamos entender o plano de Deus, estabelecido para a justificação da espécie humana e sua reintegração ao Reino de Deus.
Para logramos sucesso nesse intento é necessário, primeiramente, entendermos profundamente o contexto social e histórico da época em que a igreja primitiva local surgiu, e como o cruzamento das culturas hebraica e helênica se associou a idéias, objetivos pessoais e conceitos dos primeiros bispos da igreja e de governantes ambiciosos, para ir – pouco a pouco – adulterando o modelo originalmente concebido por Jesus Cristo e – como resultado dessas alterações – dando lugar a uma outra instituição, hoje erroneamente conhecida como “igreja”, mas que – na realidade – é um conjunto de doutrinas (ortodoxia) adotado por distintas instituições dos vários ramos da “igreja local” hoje existentes. 
Dois eventos merecem destaque nessa série de mudanças, porque foram os responsáveis pelas maiores alterações: a Assembléia de Jerusalém e o Acordo com o imperador Constantino de Roma.

Comecemos com a Assembléia de Jerusalém. Por responsabilidade do Bispo Tiago, da Igreja de Jerusalém, foi realizada a grande assembléia descrita no Livro de Atos dos Apóstolos (At 15), lembrando que não temos hoje uma idéia precisa de tudo quanto foi abolido da doutrina original além das questões sobre a circuncisão e outras associadas ao rito judaico, visto que o texto do Livro de Atos é muito genérico e perigosamente abrangente: “Na verdade, pareceu bem ao espírito santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias:Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá”.(At 15: 28-29)
Tudo mais que foi transmitido por Paulo, Silas, Barnabé e Judas aos Bispos da Igreja de Antioquia é desconhecido, porém logo depois desapareceria a Igreja de Jerusalém e ali, em Antioquia, viria a florescer o cristianismo religioso que hoje conhecemos, com liturgia de culto, hierarquias sacerdotais, edifícios especialmente dedicados à função de templos cristãos, púlpitos, altares e vestimentas sacerdotais, além de tudo aquilo que hoje conhecemos como ortodoxia.
Lembramos que foi de Antioquia que partiram missões destinadas às principais comunidades cristãs da Antiguidade, buscando impor a essas comunidades o modelo de igreja ali praticado e abolindo o modelo original anterior: um prejuízo incalculável que viria a ser aumentado ainda mais no século IV.

Quanto ao acordo celebrado com imperador romano Constantino, foi realizado o Concílio de Nicéia, em 325 d.C., onde, por conta de se discutir a questão ariana e algumas outras questões menores como a data da Páscoa e outras, muitas outras alterações foram introduzidas nas reuniões preliminares (não documentadas) celebradas entre os teólogos de Constantino e os bispos representantes das igrejas.
Por ação de Constantino foi definido o modelo seguido pela Igreja de Roma e pela Igreja de Constantinopla, corrompendo ainda mais o que já havia sido deturpado pelo anterior modelo de Antioquia.
A religião cristã tinha um papel fundamental para a manutenção da unidade do império. A unificação de crenças, costumes e ritos - cristãos e pagãos - garantia certa coesão entre as diferentes partes do império, e a hierarquia sacerdotal legitimava o poder do imperador.
Por sua vez, a figura do imperador era fundamental para a unidade da própria Igreja. O combate às heresias, que eram as idéias contrárias à doutrina oficial da Igreja (Ortodoxia) e a eventuais ritos diferentes daqueles adotados e aprovados pela hierarquia eclesiástica reforçava a união Estado-Igreja.
O Estado precisava da unidade doutrinária do credo cristão, e a Igreja necessitava da interferência do imperador na resolução dos problemas doutrinais, resultando numa simbiose extremamente poderosa e perigosa.

Esse status vigente deveria – e poderia - ter sido integralmente quebrado pela Reforma Protestante, mas infelizmente isso não aconteceu e boa parte desse modelo da ortodoxia foi adotado também por Lutero e Calvino e assim perdura até os dias de hoje como um establishment religioso eclesiástico, que transcende até mesmo o abismo doutrinário que separa o mundo católico do mundo reformado, compondo um conjunto doutrinário comum, fora do qual tudo é indistintamente rotulado como “heresia”, como “heterodoxia” e até mesmo como “vento de doutrina”.

Alguns defensores mais exaltados da ortodoxia vigente ousam declarar que tais mudanças foram benéficas e precisariam acontecer porque a Igreja precisava se modernizar e acompanhar a modernização da sociedade, ao que nós respondemos que a Igreja foi criada por Cristo, e Ele é o mesmo ontem, hoje e para todo o sempre


[1] Conjunto de ritos.
[2] Rm 12:1-2